Hidrelétrica de Santo Antônio reverte prejuízo bilionário

Da redação – 04.04.2016

Consórcio que opera a quarta maior usina do país aderiu à repactuação do risco hidrológico com Aneel e mudou seu prejuízo de R$ 2,2 bilhões para um lucro de R$ 34 milhões.

A concessionária Santo Antônio conseguiu reverter seu resultado mais recente, deixando de registrar um prejuízo bilionário para acusar um lucro de pouco mais de três dezenas milhões. Mensagem para os incautos: não tentem isso em casa. Para entender o processo, é preciso recorrer à explicação do GSF e de sua repactuação, recém proposta pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que regula o setor.

O GSF, sigla em inglês para Generation Scaling Factor, é o parâmetro definido pela Aneel para medir o volume efetivamente gerado de energia pelo Mecanismo de Realocação de Energia (MRE) e a Garantia Física total do MRE. Ou seja, o governo federal rateia o chamado risco hidrológico entre as várias geradoras do país, causando um “pesadelo bilionário”, caso condições climáticas e erros de estratégia aconteçam na gestão de empresas como Santo Antônio. E foi o que aconteceu.

A forma de equacionar o problema incluiu a adesão à Repactuação do Risco Hidrológico, com amortização de ativo durante o período de 9 anos e 10 meses. A informação foi dada ao mercado por Luiz Pereira, diretor financeiro e de relações com investidores da Santo Antônio Energia.

A empresa também negociou valores de GSF que estavam sendo discutidos em liminar na justiça. Com a negociação, a Aneel deliberou o parcelamento desses valores em 6 meses, sem carência. Somando as duas iniciativas, a geradora passou a ter o lucro de R$ 34 milhões.

Luiz Pereira disse também que o total de R$ 1,5 bilhão de investimento remanescente já tem todas as suas fontes equacionadas – parte dessas fontes foi obtida no último aporte de capital na companhia, no valor de R$ 390 milhões, integralizado por todos os acionistas.

Segundo o executivo, com a solução da viabilidade do pagamento do parcelamento do GSF, “a Hidrelétrica Santo Antônio, hoje, é um empreendimento equilibrado e navega em velocidade de cruzeiro. As obras civis já se encontram 100% concluídas. Sendo assim, todas as incertezas relativas a este investimento foram afastadas.”

Três fatores que contribuem para reduzir o impacto para as geradoras em relação ao GSF são: a queda na demanda de energia, hoje em torno de 7,2% (diminuição do consumo) e que reflete no PLD; o aumento das chuvas; e a própria repactuação ao risco hidrológico.

Além do resultado financeiro positivo, a geradora comunicou que mais uma turbina da usina entrou em operação comercial no último dia primeiro de abril. Localizada no rio Madeira, em Porto Velho (Rondônia), a hidrelétrica passa a ter 39 unidades geradoras em operação, que representam potência de quase 2,8 GW, cerca de 80% de sua capacidade total de geração.

Até o final deste ano, a Hidrelétrica Santo Antônio colocará em funcionamento mais 11 turbinas, totalizando 50. Deste total, seis terão sua energia dedicada exclusivamente para Rondônia e Acre, atendendo aproximadamente 40% do consumo desses Estados. A outra parte dessa energia limpa e de fonte renovável percorre mais de 2.400 quilômetros até Araraquara, no interior paulista, para abastecer o sudeste e outras regiões brasileiras, por meio do Sistema Interligado Nacional  (SIN).