Aditivos são remédio de efeito imediato em concretagens eficientes

Por Rodrigo Conceição Santos – 09.10.2016 –

concreto1A falta de organização dos canteiros de obras para receber o concreto; bombas de concreto de baixa tecnologia ou mal manutenidas, e portanto pouco eficientes; tráfego intenso em grandes cidades, causando atraso na programação das autobetoneiras; uso de concreto com slump baixo e que perde suas propriedades minimamente recomendáveis antes de chegar ao local de aplicação; uso de agregados de baixa qualidade que terminam por influenciar na qualidade do concreto… Esses são alguns dos problemas que compõe uma lista cotidiana ao setor de concretagem. Resolvê-los é possível, evidentemente, mas geralmente isso passa por uma série de atitudes, que envolvem igualmente uma porção de agentes da cadeia concreteira. Mas há uma dessas pontas, a de aditivos, que promete ser uma espécie de remédio de efeito imediato, capaz de influenciar na trabalhabilidade e no tempo de abatimento das misturas e reduzir o hiato de produtividade nas concretagens, principalmente as bombeadas a grandes alturas.

“O uso de aditivos é a forma mais econômica de garantir o tempo de abatimento e a trabalhabilidade da mistura”, diz Rodrigo Dias Henrique, coordenador de negócios da Viapol, explicando que o abatimento é o período que o concreto é mantido com as qualidades de trabalhabilidade corretas.

Ele explica que os aditivos ajudam a chegar na trabalhabilidade ideal do concreto com menos uso de água e, consequentemente, de cimento. “Pensando que o cimento é o insumo mais caro do processo, fica fácil entender o porquê do aditivo ser mais barato e eficiente na maioria dos casos”, salienta, mesmo admitindo que as principais tecnologias de aditivos demoram para ser adotadas no Brasil.

Especial Concretagem Produtiva

Problema cultural
A constatação de Henrique, de que somos obsoletos na aplicação de aditivos, vale principalmente para as concreteiras que, segundo ele, pensam primeiramente em vender o metro cúbico de concreto mais barato, o que, quase sempre, se resume em baixo slump e baixa qualidade para aplicação. Ele acrescenta que em obras nas quais a mistura precisa ser bombeada a grandes alturas, isso causa problemas que os gestores das bombas de concreto conhecem bem quando têm os mangotes de suas máquinas entupidos por concreto com baixa trabalhabilidade. “Enfim, no final das contas, não fica mais barato”, sintetiza ele.

Luiz Rodrigues, coordenador do time de concreto da Sika, avalia que a maior dificuldade quando se fala em qualidade de concreto para bombeamento é o convencimento cultural. Segundo ele, é comum que as concreteiras trabalharem com misturas de slump 10 mais ou menos 2, o que geralmente, resulta em 8, mas que irá perder propriedade até o momento de aplicação na obra. “Considerando que slump 8 é o limite para bombeamento a alturas elevadas, está explicado porque muitas misturas não são plenamente bombeáveis”, diz ele. “O correto é trabalhar com slump 14 mais ou menos 2, para aceitar alguma perda de propriedade durante o transporte ou aplicação”, completa.

Tecnologias
Os especialistas da Viapol e Sika defendem que seus produtos aditivos têm a função de corrigir e prolongar as propriedades das misturas, evitando perdas tanto para o comprador do concreto (construtora), quanto para o aplicador (locadora de bombas ou a própria concreteira). “E há várias tecnologias para isso”, diz  Henriques, da Viapol.

Os aditivos superplastificantes, por exemplo, podem ser usados para corrigir o traço do concreto no momento da aplicação, acrescenta Rodrigues, da Sika. “Mas isso precisa ser feito com o acompanhamento de uma consultoria, que saberá a quantidade correta a ser aplicada em cada situação”, diz ele.

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Henriques vai além, dizendo que já há até tecnologias de hiperplastificantes disponíveis no mercado brasileiro. “Mas, novamente, falamos da questão cultural que inibe o uso de soluções desse tipo nas concreteiras”, diz ele. “Hoje, as poucas utilizações desses sistemas mais avançados estão concentrados em grandes canteiros de obras, onde as construtoras sabem a importância de gerir corretamente o uso de concreto, evitando desperdícios e, consequentemente, tendo melhor custo-benefício”, conclui.