A China quer colonizar a África?

Por Nelson Valêncio – 23.06.2014 –

Resposta: não. Esse e outros mitos foram derrubados pela consultoria PWC em 2013. Em tempos de investimentos chineses na infraestrutura brasileira, vale a pena saber.

china-áfricaEnquanto o banco central australiano mapeia os investimentos em infraestrutura na China – de olho, entre outros, no mercado de commodities – a consultoria PWC fez um levantamento que explica onde e como os chineses estão investindo na África. O material An opportunity do drive modernization and growth foi publicado há dois anos, mas traz informações relevantes. Escrito pelo especialista Harry Broadman, o documento começa desmontando a tese de colonização: 90% do estoque de investimentos diretos estrangeiros em infraestrutura no continente africano tem sido feito por norte-americanos e europeus. Portanto, a China ainda tem uma participação pequena.

Os projetos que contam com a contrapartida chinesa incluem desde hotéis e obras de suporte a turismo na África do Sul e Botsuana até hidrelétricas na Zâmbia. Dados do governo chinês mostram que cinco países puxam os investimentos orientais: a citada África do Sul, Nigéria, Madagascar, Guiné e Sudão. Em países como Angola e Quênia, a estratégia é oferecer pacotes combinados, com a participação de várias multinacionais em setores diferenciados, envolvendo projetos de telecomunicações, saneamento e construção de escolas.

Para o consultor da PWC, a China tem investido em seus parceiros africanos para também se beneficiar do desenvolvimento econômico desses países. Trata-se de um caminho de mão dupla. Ao investir em ferrovias e portos, os chineses estão pavimentando uma via de comércio mais intenso com seus parceiros. Contra a China, no entanto, pesam alguns riscos.

Um raio-x dos investimentos em infraestrutura na China

É o caso da falta de transparência e da excessiva participação do estado, uma vez que grande maioria das multinacionais pertence ou tem grande participação do governo. Em tempos de Brasil sob investigação total, sabemos que a relação governo-governo, entre a China e seus aliados africanos, pode não ser exatamente uma boa ideia.