Setor da mineração se movimenta para o pós-pandemia de olho em metas ESG

João Monteiro – 20.09.2021 – Empresas se preocupam não só com o impacto ambiental de seu negócio, mas com o desenvolvimento do local onde atuam 

No último dia da 9ª Conferência de Energia e Recursos Naturais na América Latina, evento online realizado na última semana pela consultoria KPMG, o painel das mineradoras debateu as perspectivas do setor para o pós-pandemia. Diante dos desafios impostos pelo momento – que ainda não apresenta um fim – as empresas já entenderam que algumas das mudanças vieram para ficar, principalmente a pauta de Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG, na sigla em inglês). 

Flávio Ottoni Penido, diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), pontuou que o mercado pressiona as mineradoras a assumirem responsabilidades sociais e ambientais. Segundo ele, é mais do que apenas prestar contas, é esperado que as empresas do setor mostrem as ações e as preocupações que têm. 

Ana Cunha, diretora de Relações Governamentais e Responsabilidade Social da Kinross Brasil, concordou com ele. De acordo com ela, as mineradoras precisam olhar para o ecossistema onde atuam de olho na sustentabilidade local, tanto do ponto de vista ambiental como em social. 

Por atuar em regiões remotas, as empresas do setor costumam ser a principal atividade econômica local. A preocupação é que elas não assumam essa responsabilidade como geradora de emprego e renda, e sobre o que vai acontecer quando os recursos da mina acabarem. 

Penido, do Ibram, explica que já estão sendo feitos estudos para criar formas de aplicar melhor a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), que são os royalties do setor. “É um desafio, pois não podemos apenas entregar à prefeitura. É preciso criar uma política de estado que envolva toda a comunidade e evite que uma mudança de prefeito troque a prioridade”, destaca. 

ESG chegou para ficar

Ainda segundo o diretor do Ibram, as empresas que não se adequarem aos protocolos do ESG vão sumir, pois será o primeiro ponto em que investidores vão olhar. Ana, da Kinross, também acredita nesse cenário e enxerga que as questões de ESG se tornaram mais importantes. O desafio agora é evitar a insegurança jurídica para atrair investimentos. 

Wilfred Bruijn, CEO da Anglo American no Brasil, acredita que a empresa está bem posicionada. Contando com minas de ferro e níquel no País, ele afirma que são produtos que têm atração de mercado. Segundo ele, o minério da empresa tem baixo teor de impureza, com 67% de ferro, o que demanda menor uso de energia para produção de aço, atraindo mais atenção para a produção do “aço verde”, insumo que o setor de siderurgia tem interesse para diminuir suas emissões de poluentes.