Quem tem mais dinheiro consome mais água em SP

Da redação – 11.03.2016 –

Dados da Sabesp mostram que bairros de maior poder aquisitivo aumentaram consumo de água no primeiro semestre desse ano em relação ao mesmo período de 2015, embora menos do que antes da seca iniciada em 2014. Jaçanã, na zona norte, é ponto fora da curva.

A Sabesp mapeou o consumo de água em 27 zonas de consumo da capital paulista e apontou dois resultados. O primeiro deles seria positivo: haveria uma queda de 31% no volume consumido pelos paulistanos desde janeiro de 2014, quando a seca foi iniciada. Ou seja, a crise hídrica, como o problema é peculiarmente denominado pela concessionária paulista, teria sido atenuado. O segundo resultado é um incremento de consumo de 1,52% entre junho de 2015 e o mesmo período desse ano. Ou seja, o número atual de consumo médio é de 10,58 m³ contra os 15,5 m³ de dois anos.

Os dados da própria Sabesp indicam que a redução de consumo aconteceu em função de incentivos tarifários. É o caso do bairro de Grajaú, na zona sul da cidade, cuja média teria caído de 9,93 m³ para 8,57 m³ de 2015 para esse ano. Os números mostram que a diminuição nesse local foi ainda mais acentuado do que a média da cidade. “O Grajaú sempre foi o bairro mais econômico, com um dos menores consumos durante a crise hídrica, mesmo sendo menos impactado por ser abastecido pelo Guarapiranga”, afirma a gerente de relacionamento com cliente, Samanta Tavares de Souza.

Na avaliação da especialista da Sabesp, “os hábitos de consumo continuaram. Como a nossa estrutura tarifária é progressiva, ou seja, quem consome menos paga menos, o benefício tarifário é muito alto para essas famílias”. Nessa escala de redução acelerada estão os bairros da Capela do Socorro (de 9,50 m³ para 9,31 m³), Vila Maria (de 9,97 m³ para 9,93 m³) e Socorro (de 10,10 m³ para 10,06 m³). Quem pode menos, gasta menos.

Por outro lado, em bairros de maior poder aquisitivo, o consumo aumentou. Nos Jardins, os índices registraram um incremento de 2,25%, passando de 15,38 m³ para 15,73 m³. Essa região compreende os bairros Jardim Paulista, Europa, América, Lapa, Alto de Pinheiros, Boaçava, Sumaré e Perdizes, na avaliação da Sabesp. “Mesmo com o aumento, o consumo está bem aquém do que era antes da crise, em torno de 21 m³ e 22 m³”, compara Samanta.

Já a região de Jaçanã – de poder aquisitivo maior do que o do Grajaú, mas inferior ao dos Jardins, o comportamento de consumo é um ponto fora da curva: aumento de 8,48%, de uma média de 9,43 m³ para 10,23 m³.