Provedores regionais batem a casa dos 6 mil

Da Redação – 09.06.2017 –

Avaliação é de Erich Rodrigues, presidente da Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint). Na semana passada, a entidade realizou seu mais importante evento, reunindo em São Paulo o ecossistema do setor. Na ocasião, o Infraroi conversou com o executivo. De acordo com ele, das mais de 6 mil licenças junto à Anatel, cerca de 3,1 mil empresas estão ativas. Desse universo, a Abrint reúne mais de 1 mil provedores regionais. Além do crescimento em número, o segmento imprime uma pegada importante no avanço da banda larga fixa no país. Acompanhe a entrevista. aa9626cfb8a7398a443aa36f26284e61

Infraroi – Qual o tamanho atual do mercado de provedores regionais?

Erich Rodrigues (ER): Temos vários ângulos para essa informação. O primeiro é o número de empresas com licença na Anatel, que chega a 6 mil. No último relatório da agência havia cerca de 3,1 mil fornecendo informações consideradas ativas: existe a obrigação da Anatel para que elas forneçam mensalmente dados específicos, incluindo assinantes, em quais cidades atuam, com que velocidades operam, etc. São métricas bem específicas para mapear como está o mercado. Na questão de assinantes, a Anatel informa que 11% do mercado de 27 milhões de usuários de banda larga fixa são de provedores regionais. Existe outra informação indicando que aproximadamente 20% dos atendimentos são feitos por provedores regionais ou ISPs, de forma que acredito que a porcentagem de assinantes está entre 11% e 20%.

Infraroi – O crescimento, proporcional, dos provedores em relação às operadoras é maior, correto?

ER: Nesse primeiro trimestre de 2017, das 568 mil ativações, 75% (402 mil) foram dos provedores. No ano passado, 46% das ativações foram de provedores regionais, ou seja, há uma clara tendência de aumento. Esse cenário – de maior implementação – continua.

Infraroi – Os fornecedores acompanham isso?

ER: No caso dos parceiros fornecedores, o maior desafio deles é entender que o provedor compra conforme o fluxo de caixa, ao contrario das grandes operadoras que fecham um plano de compras anual e o prazo de entrega é muito alongado. Em relação ao prazo, os fornecedores passaram a ter estoques maiores para atender essa característica do segmento de ISPs.

Infraroi – Como vocês trabalham a padronização da tecnologia dentro da associação?

ER: O Brasil está com dois milhões de conexões de fibra óptica e aproximadamente 50% são de provedores regionais. Há um ambiente muito forte dentro dos provedores de cooperação, troca de informação. Em resumo, é o que nos faz crescer e é muito bacana vivenciar isso. De forma geral, as redes em fio estão sempre sendo complementares à infraestrutura óptica. Temos a certeza de que a fibra óptica é o caminho e as tecnologias vão evoluindo em cima dela.

Infraroi – O que vocês esperam das mudanças de modelo de telecomunicações para o setor?

ER: Nós temos três questões: a situação do fim das concessões, a questão dos termos de acordo e cumprimento de meta e a da limitação da banda larga. São questões independentes e se tentarmos misturá-las não vai dar certo. Todos dizem que a massificação é importante, mas na hora de transformar isso em política pública e mobilizar o país e até o Congresso, ninguém faz. Não queremos opinar de como o governo vai se entender com as operadoras e não queremos ficar barrando caminho das outras, o que não pode acontecer é que disponibilizar dinheiro de incentivo público em locais onde já existe uma rede instalada por um provedor.

Infraroi – E quais são as conclusões sobre a tributação e evolução do modelo de ISPs?

ER: Nós temos dois problemas. O primeiro é a questão da insistência dos estados em cobrar o ICMS sobre todo serviço do provimento, assunto para o qual o STJ já se manifestou contra. Essa insistência tem gerado uma insegurança jurídica e nós temos, inclusive, entrado com ações contra os estados para que não seja feita cobrança arbitrária. Outro problema é a saída da faixa de tributação do Simples. Toda empresa enfrenta o dilema. Quando você sai do Simples troca de uma faixa de, no máximo, 4% de ICMS, para índices de 25% ou 37%, o que é um salto gigantesco para empresas pequenas.

Infraroi – A Abrint está criando indicadores para medir com mais precisão o segmento. Quais indicadores vocês estão colocando no radar?

EC: Sim. Estamos avaliando índices como taxa de reclamação, taxa de inadimplência, número de funcionários versus número de clientes e faturamento. Existem indicadores básicos que podemos mensurar de forma automática, mas o meu sonho é que tivéssemos um prêmio de excelência Abrint. Com ele poderíamos ir mais a fundo e observar mais aspectos da gestão para caminhar para profissionalização e excelência. É um desafio do setor e estamos atentos a isso.

Infraroi – Qual era a expectativa para o evento da Abrint desse ano em São Paulo? 

EC: Aumento. Nós já tínhamos expectativas de aumento em função do ano anterior, de ter um evento maior. Por isso, fizemos a edição de 2017 em dois pisos ela superou expectativas, com  auditórios lotados, corredores cheios. É muita satisfação ver tanto crescimento.