Com ou sem PPP, mercado de iluminação pública é bilionário no país

Por Nelson Valêncio – 21.11.2017 –

Universo de pontos de iluminação é de cerca de 18,4 milhões, mas a modernização está só começando, de acordo com a Unicoba. Serviço representa 4% do orçamento das cidades

Se todos os milhões de postes, túneis e outros locais públicos tivessem suas lâmpadas atuais substituídas pela tecnologia de LED, o Brasil movimentaria nada menos do que R$ 27,8 bilhões. Os dados são do Banco Mundial, segundo a Unicoba Energia, um dos players do segmento. A empresa se autodenomina uma das líderes do segmento, com duas fábricas no país, o que a coloca em vantagem em relação ao outros players, uma vez que pode empacotar  – nos seus projetos de iluminação pública – o benefício dos financiamentos do BNDES, via Finame. Peter Cabral, diretor de Eficiência Energética da empresa e especialista em cidades inteligentes, é otimista em relação ao mercado e avalia que, com ou sem parcerias público privada (PPP), o país tem potencial.

Ponte Octavio Frias de Oliveira, um dos projetos com tech Unicoba em SP. Crédito: Unicoba

De acordo com ele, cidades com mais de 150 mil habitantes – e há quase 200 delas no Brasil – teriam condições suficientes para organizar uma infraestrutura financeira de modernização da iluminação pública. O processo pode acontecer via PPP ou mesmo com a própria administração municipal assumindo a gestão. Tidos como empreendimentos de longa duração – entre 20 e 30 anos – a modernização e ampliação da iluminação pública pode avançar mais rapidamente se a sustentação financeira tiver bases sólidas como a vinculação específica de receita para pagar os investimentos. É importante dizer que a adoção de tecnologia LED garantiria uma economia mínima de 50% no custo de energia, o que já representa um fator de retorno de investimento (ROI) importante.

Na equação financeira da Unicoba, uma cidade que tenha, por exemplo, 200 mil habitantes, pode representar cerca de 20 mil pontos de iluminação pública. Com um arcabouço financeiro que estipule uma conta vinculada entre a arrecadação do município e o pagamento da modernização, o projeto “fica de pé” e pode atrair investidores para uma PPP ou para a criação de uma empresa com propósito específico (SPE, na sigla em inglês) que assuma o processo.

O caso mais emblemático no país é a cidade de São Paulo, apontada como um dos maiores, senão o maior projeto de PPP para iluminação pública no mundo. Hoje paralisado na justiça, ela tem na disputa dois consórcios de olho num contrato de 20 anos de duração, com a ativação de mais de 700 mil lâmpadas de LED e recursos como telegestão e criação de um centro de controle e comando operacional. Investimento previsto: R$ 8 bilhões nas duas décadas de vigência.

De acordo com a Unicoba, dos cerca de 600 mil pontos de iluminação pública já existentes na capital paulista, 82 mil já são de LED e cerca de 60% do total com tecnologia da fabricante. A empresa tem produtos em obras que vão desde os túneis do trecho Oeste do Rodoanel até o Pavilhão do Anhembi e avenidas importantes como a 23 de Maio e a dos Bandeirantes.

Manaus é outra vitrine da companhia e talvez seja a primeira capital a ter a totalidade da sua iluminação pública com tecnologia de LED. Em números absolutos, a cidade tem 127 mil pontos contra os mais de 600 mil de São Paulo. Proporcionalmente, no entanto, a capital do Amazonas já possui 33,4% de sua iluminação em LED, enquanto a média paulistana é de 13,7%. Dados oficiais da cidade indicam que 8% do parque de energia elétrica passou por melhoramentos nesse ano e, desde 2015, o índice é próximo de 44%.

E mais: 42,8 mil novas luminárias de LED foram ativadas (2015-2017), das quais praticamente um quinto somente em 2017. A manutenção da rede já envolveu 35,4 mil pontos (do total de 127,6 mil), com a média de 5 mil manutenções mensais, o que já seria 73% a mais do que as realizadas no ano passado. Em termos de retorno financeiro, a cidade teria contabilizado uma economia de pouco mais de R$ 3,4 milhões em 2017 e a colocação de lâmpadas que duram pelo menos cinco vezes mais do que as de vapor metálico ou vapor de sódio, ou seja, cerca de dez anos de vida útil.