Investimento em infraestrutura precisa ser capilarizado

Redação – 01.06.2020 –

Obras menores e em maior quantidade deveriam ser focadas segundo CBIC. Entidade avalia que retomada do crescimento pode ser interrompida.

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) já reavalia uma interrupção na retomada do crescimento do Brasil puxado pela construção. O PIB da construção civil caiu 2,4% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2019. O segmento de infraestrutura ajudou a puxar o resultado setorial para baixo, uma vez que nacionalmente e o PIB decresceu 1,5% na mesma base comparativa. Diante desse resultado e do agravamento da crise provocada pela pandemia, a entidade está revendo suas projeções para 2020.

Segundo José Carlos Martins, a retração nas obras de infraestrutura está relacionada a fatores como o modelo dos projetos hoje existentes. “Se o país tivesse optado por realizar uma quantidade maior de obras menores, em detrimento de concentrar esforços em poucos projetos de concessão gigantescos, hoje teríamos muito mais obras sendo realizadas pelo Brasil afora. O investimento precisa ser capilarizado, regionalizado e diversificado”, argumenta.

Martins destaca ainda que os primeiros meses do ano contribuem para uma redução das obras de infraestrutura em função do clima, por ser um período mais chuvoso. Os números e expectativas da construção, segundo o presidente da CBIC, também foram impactados pela autogestão. Eles ajudariam a justificar o desempenho da construção civil. Ele se refere a pequenas obras de reformas, que geralmente envolvem microempreendedores informais, e que foram muito comprometidas no início da crise.

Apesar do baixo crescimento nos últimos anos (1,3% em 2017 e 2018 e 1,1% em 2019), o Brasil iniciou 2020 com expectativas um pouco mais promissoras. Em janeiro, a estimativa era de que o PIB registraria alta de cerca de 2,3%. A inflação sob controle, os juros em patamares mais baixos, a aprovação da reforma da previdência em 2019 e a pauta da agenda de reformas (entre elas a tributária) fortaleciam a esperança diante dos imensos desafios que o país possui.

Nesse cenário, a construção civil também estava otimista. Depois de registrar queda de quase 30% em suas atividades do período de 2014 a 2018 e retomar o crescimento em 2019 (1,6%), o setor esperava fortalecer o seu processo de retomada, crescendo 3%. De acordo com o estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 1º trimestre de 2020, divulgado na última segunda-feira (25) pela CBIC, o Brasil registrou um aumento de 26,7% nas vendas de imóveis residenciais novos (apartamentos) no comparativo entre o 1º trimestre de 2020 e o 1º trimestre de 2019.