Preço do gás pode afetar indústrias cerâmicas, diz associação

Redação – 11.01.2022 – Aumento de 50% está previsto em novo acordo entre Petrobras e distribuidoras; aumento vai afetar competitividade de segmento cerâmico, que responde por 14% de todo consumo industrial do insumo 

O acordo entre a Petrobras e as distribuidoras de gás natural deve aumentar o preço do insumo em cerca de 50% em janeiro de 2022. Válido pelos próximos quatro anos, esse rearranjo vai afetar toda a sociedade, inclusive os fabricantes de cerâmicas, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres (Anfacer). A entidade representa o setor, que é o segundo maior consumidor industrial de gás natural do Brasil. 

Ainda segundo a associação, o setor fez investimentos elevados para converter o gás natural na sua principal fonte energética. No entanto, a migração para esta fonte não previa um aumento considerável do gás natural. A Anfacer enviou ofício ao governo federal apontando o problema da iminente majoração e solicitando soluções. 

O Brasil é um dos protagonistas no mercado mundial de revestimentos cerâmicos e louças sanitárias, ocupando a terceira posição em produção e a segunda em consumo, além de ser o sétimo no ranking das exportações, com vendas para mais de 110 países. O segmento é, também, representa 6% do PIB da indústria de materiais de construção. 

Em termos de consumo, o setor de cerâmica responde por 14% de todo o gás natural de uso industrial no País. O insumo representa 30% do custo total de fabricação do metro quadrado de cerâmica e seu aumento deve impactar a produtividade da indústria nacional frente ao comércio exterior. 

Lei do Gás 

A Anfacer lembra que, em abril de 2021, a indústria cerâmica comemorou a sanção presidencial da nova Lei do Gás, que prometia promover a abertura do mercado, representando um choque de energia barata e contribuindo para a recuperação da economia. Cabe ressaltar que o novo marco legal resultou de um processo de muitos anos, no qual a entidade foi uma das que mais se mobilizaram. 

O metro cúbico de gás natural no Brasil já é um dos mais caros do mundo. Diferentemente do que se vislumbrava quando da aprovação do novo marco regulatório, pela proposta da Petrobras às distribuidoras cujos contratos vencerão no fim de dezembro, o preço do gás natural subirá de aproximadamente US$ 8 para US$ 12 por milhão de BTU durante o primeiro ano de vigência dos novos contratos.