Ônibus elétricos podem baratear o custo das passagens

Redação – 26.09.2022 – Segundo estudo da NTU, custo da energia elétrica é 73% menor que o do diesel, o que barateia o valor de passagens com ônibus elétricos

O transporte público coletivo do Brasil chegou a ocupar, em 2022, o segundo lugar no ranking de transporte mais caro da América do Sul, perdendo apenas para o Chile, segundo dados da Cuponation – plataformas de cupons on-line. O País saltou em dois anos, da 55ª posição para 36ª entre os países que têm os ônibus e metrôs mais caros do mundo. 

Junta-se a isso a má qualidade dos veículos. De acordo com dados da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), o Brasil nunca teve uma frota de ônibus urbano tão velha quanto atualmente. Dados do anuário 2021/22, mostram que a frota de coletivos que atendem as nove capitais mais populosas do País é a mais velha dos últimos 27 anos, contando com seis anos de idade, em média.  

A eletrificação pode ser uma saída para ambos os problemas. De acordo com a NTU, o custo por quilômetro, na comparação entre diesel e energia elétrica, cairia em 73%, de R$ 3,10 para R$ 0,84. Como o combustível corresponde atualmente a um terço dos custos operacionais totais das empresas de ônibus, a troca traria benefício direto para o setor. 

Além disso, o custo da manutenção das frotas elétricas apresenta um investimento 70% menor em comparação ao transporte convencional, o que se torna um incentivo para empresas do setor e, também, o que causaria a diminuição do valor da passagem. 

Segundo Ricardo David, sócio-diretor da Elev, empresa que apresenta soluções para o ecossistema de mobilidade elétrica, explica que, no total, os elétricos possuem cerca de 20% das peças de um carro à combustão e que a manutenção mensal e a troca e reposição de peças é significativamente menor. Juntando o custo de manutenção com o de combustível, os ônibus elétricos podem reduzir o preço das passagens.

A redução da passagem é importante porque os brasileiros que utilizam o transporte público coletivo diariamente estão gastando, em média, R$ 214 mensalmente para ir e vir. Aqueles que recebem em média um salário mínimo de R$ 1.212, por exemplo, perdem 17,66% da renda com o transporte coletivo, sem retorno de investimento do governo em tecnologia e melhoria no transporte público. 

Desafios para eletrificação de frotas 

O Brasil enfrenta três tipos de desafios para eletrificar suas frotas de ônibus, são eles: tecnológicos, financeiros e institucionais. E traz exemplos de novos negócios desenvolvidos pelas cidades para abandonar, ou reduzir ao máximo, a dependência de diesel no transporte público. 

Em São Paulo (SP), apenas 18 ônibus elétricos dos 219 que compõem a frota da capital atualmente, são de modelos modernos, alimentados por baterias recarregáveis, os demais são trolebus, que se utilizam de linhas aéreas para obter energia. Esse número representa somente 1,6% do total da frota, que possui cerca de 14 mil coletivos, número muito abaixo das metas estabelecidas inicialmente pela gestão municipal. 

Já Salvador (BA) inaugurou na última sexta-feira (23/9) os primeiros trechos de seu sistema BRT, que já nasce 30% elétrico – ao menos oito veículos elétricos a bateria estão previstos para entrar em operação. 

Enquanto isso, Curitiba (PR) estuda a eletrificação dos corredores Inter 2 e BRT Leste-Oeste, com previsão de 150 veículos com bateria operando até 2024, enquanto o Rio de Janeiro (RJ) separou a operação da provisão de frota no novo edital do BRT, para aquisição de 550 veículos, sendo 65 elétricos, a serem entregues até 2023.