Siderúrgica forma parcerias para desenvolver piso de concreto sustentável

Redação – 18.11.2022 – Empresa negocia ainda nova tecnologia na produção de asfalto com o reaproveitando de resíduo da produção do aço. Além de ser potencialmente mais barato, transforma possível desperdício em renda 

A Companhia de Siderúrgica do Pecém (CSP) formou parcerias com universidades e empresas para reutilizar materiais que seriam descartados pela companhia. Empresas de São Gonçalo do Amarante, a Universidade Federal do Ceará (UFC), a Universidade Federal de Viçosa e a Biosfera, empresa especialista em soluções sustentáveis, desenvolveram soluções para o uso de resíduos gerados na CSP em um novo tipo de concreto. 

Este novo insumo demanda menos areia e brita, que são recursos naturais obtidos a partir da trituração de rochas. Carlos Roberto Guimarães, especialista de Aciaria da CSP, explica que a ideia foi produzir um concreto sustentável, substituindo 80% dos elementos naturais por um resíduo resultante da produção de aço, o agregado siderúrgico, também conhecido como escória do BSSF. 

No processo de produção do aço, são gerados vários resíduos: escória (de Aciaria e de Alto-forno), lama, pós, resíduos refratários e resíduos metálicos (sucatas). Hoje, a siderúrgica cearense consegue o reaproveitamento interno e destinação externa em quase 100% dos resíduos. A CSP comercializa coprodutos para cimenteiras, para indústrias de cerâmicas, químicas, como tintas, pavimentação de pátios e vias. O reaproveitamento dos resíduos reduz custos e aumenta a sustentabilidade do negócio. 

Testado e aprovado internamente 

Piso de 400 m² de de blocos intertravados coloridos, feitos a partir dos resíduos gerados na fábrica (foto: divulgação CSP).

A própria CSP implementou um piso de 400 m² de de blocos intertravados coloridos, feitos a partir dos resíduos gerados na fábrica. “Nós produzimos mais de 1 mil blocos e construímos o caminho seguro para acesso ao refeitório, como um projeto piloto da nossa área. Agora, podemos buscar novos mercados e incluir esse item como mais uma aplicação do nosso coproduto”, comemora o especialista da Aciaria. Segundo a empresa, ele atende as especificações da NBR 10.004. 

Outra vantagem é que o uso da escória torna o custo dos blocos intertravados menor. “O preço, em geral, é mais barato quando comparado com a produção de brita e areia, pois estes envolvem vários processos para extração de rochas naturais”, defende Guimarães. 

Como tudo isso foi desenvolvido 

  1. Tecnologia. Os possíveis usos sustentáveis do agregado siderúrgico da CSP são fruto do investimento da usina na aquisição da unidade BSSF (Baosteel Slag Short Flow), uma tecnologia que granula a escória de aciaria. A analista de Meio Ambiente da CSP, Ana Júlia Dantas, destaca que “esta tecnologia inovadora reduz o tempo de tratamento da escória de Aciaria de 6 a 8 meses para apenas 30 minutos, quando comparado ao processo de beneficiamento convencional de escória, com consequente redução de impactos ambientais. Esta é uma tecnologia que apenas a CSP possui no Brasil e foi implantada desde o início da operação da usina”. 
  2. Estudo. A CSP usou como base um artigo publicado por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos, onde concluíram que é possível substituir parte dos agregados naturais por escória da Aciaria na produção de blocos de concreto. O estudo foi considerado inovador, ao dar uma destinação final sustentável ao resíduo e agregar qualidade ao produto fabricado. 
  3. Parcerias. “A nossa proposta era desenvolver produtos utilizando empresas da comunidade de Pecém. A geração fica próximo ao consumo. O produto foi desenvolvido, testado e aplicado. Fizemos até em cores diferentes, dispensando pintura e atendendo às necessidades desejadas do cliente”, destaca Carlos Roberto Guimarães.