72 milhões de moradores de áreas rurais na AL não têm acesso à banda larga

Redação – 22.12.2022 – O acesso a uma conectividade rural significativa aumentou 12% em comparação com 2020, quando aproximadamente 77 milhões de pessoas não tinham acesso a esse serviço vital 

Pelo menos 72 milhões de moradores que habitam áreas rurais na América Latina e no Caribe não têm acesso a serviços de conectividade com os padrões mínimos de qualidade, de acordo com o estudo resultante da pesquisa “Conectividade Rural na América Latina e no Caribe: Situação atual, desafios e ações para alcançar a digitalização e o desenvolvimento sustentável”. O relatório é resultado de um estudo feito pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), o Banco Mundial, a Bayer, o CAF-Banco de Desenvolvimento da América Latina, a Microsoft e a Syngenta. 

De acordo com o último relatório, o acesso a uma conectividade rural significativa aumentou 12% em comparação com 2020, quando aproximadamente 77 milhões de pessoas não tinham acesso a esse serviço vital.  

O estudo, que se concentrou em 26 países da América Latina e do Caribe, fornece uma visão abrangente do status da conectividade rural na região. Os dados revelam que a lacuna de conectividade urbano-rural se expandiu em relação a 2020, o que prejudica o imenso potencial social, econômico e produtivo das áreas rurais, que desempenham um papel estratégico na garantia da segurança alimentar e nutricional global.  

Atualmente, 79% da população urbana tem acesso a serviços de conectividade significativos (em comparação com 71% há dois anos), em oposição a apenas 43,4% de suas contrapartes em áreas rurais (em comparação com 36,8% no relatório anterior). Embora o acesso a serviços significativos de conectividade rural tenha melhorado quase 7 pontos em comparação com o relatório de 2020, a lacuna urbano-rural aumentou 2 pontos percentuais, subindo para 36%.  

Os dados confirmam que existe uma lacuna rural persistente, o que exige uma ação decisiva e soluções inovadoras. A estimativa permitiu à equipe caracterizar a situação na região, definindo três clusters entre os 26 países, todos com deficiências na conectividade rural, que existem há décadas:  

  • Argentina, Barbados, Bahamas, Belize, Brasil, Costa Rica, Chile, Panamá, Trinidad e Tobago e Uruguai, que representam 24% da mostra da população rural, são os 10 países que compõem o cluster de conectividade rural significativa de alto nível. Dos países desse grupo, os que apresentaram o maior progresso em relação aos números de 2020 foram Barbados e Belize, onde a porcentagem de moradores rurais com acesso a conectividade significativa mais do que dobrou. A porcentagem de habitantes rurais com acesso à conectividade significativa também melhorou significativamente na Argentina, Costa Rica, Trinidad e Tobago e Uruguai, aumentando perto ou em mais de 30%.  
  • Colômbia, Equador, El Salvador, Jamaica, México, Peru, República Dominicana, Paraguai e Suriname são os nove países que compõem o cluster de conectividade rural significativa de nível médio, que representa 46% da amostra da população rural. Desse grupo, Peru, México, Honduras e Bolívia apresentaram os maiores avanços em relação ao percentual de habitantes rurais que melhoraram suas condições de conectividade.  
  • Bolívia, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Nicarágua e Venezuela são os sete países que compõem o cluster de conectividade rural de baixa significância, que representa 30% da amostra da população rural. Em comparação com o estudo de 2020, Jamaica, El Salvador, Belize e Peru tornaram-se parte do cluster de conectividade rural significativo de nível médio.  

De acordo com o novo estudo, os obstáculos comuns que a maioria dos países enfrenta para expandir mais rapidamente o acesso à conectividade rural incluem limitações no uso de fundos de acesso universal, problemas na instalação de redes devido a problemas de infraestrutura elétrica e condições das estradas, altos custos de investimento e menor custo-benefício para as empresas operadoras e um número limitado de incentivos para estimular o investimento em áreas rurais.  

Recomendações de políticas públicas 

O estudo inclui uma série de recomendações de políticas públicas para o desenvolvimento de habilidades digitais nas zonas rurais, com vista a capitalizar plenamente as oportunidades proporcionadas pela conectividade rural, como se segue:  

– Garantir uma conectividade significativa e a preços acessíveis para fins educacionais e, simultaneamente, abordar a lacuna de acesso e o uso de novas tecnologias pelos moradores rurais.  

– Abordar a questão das habilidades digitais segmentando os grupos-alvo de iniciativas. São necessárias estratégias de formação diferenciadas para os jovens e para a população economicamente ativa que deve reestruturar a produção.  

– Criar oportunidades genuínas de imersão tecnológica e projetar experiências personalizadas para os usuários, melhorando assim as condições para a adoção das habilidades digitais necessárias. Os jovens que buscam estudos agrícolas devem receber treinamento alinhado com o processo de digitalização do setor.  

– Facilitar o advento da tecnologia digital através da educação formal. A presença de crianças e jovens nos domicílios e o envolvimento das escolas contribuem para a incorporação de tecnologias nas zonas rurais. Os governos devem ser instados a apoiar as políticas de TIC que impulsionam o desenvolvimento rural, promovendo a formação dos jovens para incentivá-los a permanecer nas áreas rurais e fornecendo incentivos para a adoção de tecnologia entre os adultos.  

– Os programas acadêmicos, desde o ensino fundamental até o ensino superior, devem proporcionar aos jovens rurais treinamento sobre o mundo digital. Garantir o acesso universal à internet nas escolas rurais é condição necessária para que a digitalização realmente decole.  

– Apoiar estudos sobre habilidades digitais na região. Pesquisas científicas suficientes sobre esse tópico e as evidências que podem ser coletadas a partir delas são cruciais para desenvolver políticas e iniciativas que promovam o desenvolvimento de habilidades digitais na região.