Eletromobilidade: como estamos e quais os desafios

Redação – 24.01.2023 – Vendas de veículos eletrificados cresceram 43% no ano passado, mas ainda há questões a serem resolvidas na infraestrutura de carregamento 

De acordo com o último boletim publicado pelo Ministério de Minas e Energia, datado de setembro de 2022, 86% da energia consumida no Brasil veio de matriz renovável. Isso é bem acima da média global, que é de aproximadamente 28%, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética, e abre espaço para o mercado de eletromobilidade, que depende de uma matriz energética verde e barata para que faça sentido o investimento. 

Outro dado, divulgado pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), mostra que as vendas desse tipo de veículo aumentaram 43% em 2022. A expectativa é que, até 2030, a frota de veículos PHEV (Plug-in Hybrid Electric Vehicle, veículo elétrico plugável) e BEV (Battery Electric Vehicle, veículo elétrico a bateria) vai aumentar 160 vezes, passando das 31.064 unidades para 507 mil no Brasil, segundo um estudo realizado pela Boston Consulting Group, empresa de consultoria global. 

O tema já está mobilizando empresas de diferentes setores para criar uma infraestrutura de carregamento compatível com o crescimento da eletromobilidade. A previsão é que serão necessários investimentos de R$ 14 bilhões no mercado de infraestrutura de carregamento para mobilidade elétrica até 2035. 

Infraestrutura necessária de carregamento 

Com a evolução do mercado de eletrificados, surge a necessidade urgente da criação de uma infraestrutura de carregamento para esses veículos, sejam eles carros de usuários comuns, de motoristas de aplicativo, ônibus de frota ou caminhões. E essa infraestrutura precisa entregar uma experiência ótima para o usuário, de maneira que o processo de carga seja o mais similar o possível com o abastecimento de combustível. Por isso, a infraestrutura da carregamento ultrarrápido (carregadores com potência superior a 150kW) é estratégica na adoção de veículos elétricos em escala. 

Recentemente, a Siemens realizou um estudo para um cliente que tem uma rede de postos de abastecimento urbanos e rodoviários e que buscava entender qual é o melhor carregador para a frota circulante no Brasil. Para atender a um contingente de quase 8 mil veículos, foi estudada a potência média de carregamento da bateria e sua capacidade para que o veículo possa circular. 

Buscando a experiência do usuário em rodovias, considerando a potência média da frota e a capacidade da bateria, um carregador que melhor se adapta seria, por exemplo, um modelo DC (Corrente Contínua — Carga Rápida) de 160kW ou 180kW, com 2 plugs CCS (80kW a 90kW por plug), com tempo de carregamento médio de 40 minutos (de 0% a 100% da bateria) ou 32 minutos (de 20% a 100% da bateria). 

Este cenário bastante adequado para uma parada rápida em um posto antes de seguir viagem, segundo a Siemens. Ainda distante do tempo de abastecimento de veículos à combustão, porém, mais próximo do tempo que normalmente se gasta em uma parada de uma longa viagem. 

Além disso, a empresa desenvolveu um novo modelo de negócio para eletromobilidade com a Brasol, empresa do grupo especializada em soluções de energia distribuída no modelo de serviço. Trata-se de um serviço customizado de carregamento para veículos elétricos e geração de energia solar limpa na modalidade “Charging as a Service” (CaaS). Com ele, o cliente do setor industrial ou comercial fica isento da compra e do gerenciamento dos equipamentos da Siemens, que ficam sob a responsabilidade da Brasol durante o período de contratação.