BNDES apresenta lucro de R$ 12,5 bilhões em 2022

Redação – 20.03.2023 – Banco tem diminuído seus ativos, política que deve mudar com o novo governo 

O BNDES apresentou seus resultados financeiros referentes ao ano de 2022, em que o banco de fomento registrou lucro recorrente de R$ 12,5 bilhões. Esse montante alcança R$ 41,7 bilhões de lucro líquido, em 2022, com o impacto da reclassificação do investimento em JBS (R$ 5,8 bilhões), de coligada para não coligada, das alienações de ações de R$ 2,3 bilhões, com destaque para Eletrobras e JBS, além de receitas de dividendos de R$ 18,4 bilhões, com destaque para Petrobras (R$ 17,2 bilhões). 

No ano passado, o BNDES seguiu a tendência de redução de ativos, o que vem ocorrendo desde 2015. Nos últimos oito anos, os ativos do Banco caíram de R$ 1,4 trilhão, no final de 2014, para R$ 684 bilhões, em 2022, uma queda real de 51% no período. Segundo o governo federal, o BNDES hoje tem o mesmo tamanho que em 2008. 

A carteira de crédito está, em números corrigidos, no mesmo patamar de 2008, mas com queda de 30% em termos de participação do PIB. Segundo representantes do banco, esse é um fator preocupante, uma vez que o principal ativo gerador de receita vem caindo, se continuar, o BNDES terá problemas para gerar resultado. 

Aloizio Mercadante, novo presidente do BNDES, revelou que o banco repassou ao Tesouro Nacional R$ 873 bilhões em valores nominais, desde 2015, ao considerar os pagamentos contratuais e antecipados de financiamento da União, FAT, dividendos e tributos federais.  

“O BNDES transferiu a mais R$ 254 bilhões que o subsídio que recebeu, de R$ 414 bilhões, entre 2008 e 2014. Cinco vezes o lucro líquido, vinte vezes o recorrente. Não é papel do BNDES financiar o Tesouro nesta velocidade”, disse o presidente. 

Mercadante destacou que o BNDES precisa rever essa relação com o Tesouro para que possa resgatar o seu papel histórico de instrumento estratégico de desenvolvimento do Brasil. “Nós temos o valor da TLP que é de cinco anos. Existem outros prazos que o Tesouro Nacional utiliza para se financiar. Queremos poder utilizar outras taxas para diferentes clientes.”, esclareceu. 

Futuro do BNDES 

O diretor de Planejamento do banco, Nelson Barbosa, apresentou aos jornalistas o plano do que vem sendo chamado de BNDES do Futuro, que passa por uma agenda de diversificação de funding; investimento em infraestrutura, com fábrica de projetos, inclusão produtiva, com foco em micro, pequenas e médias empresas, gestão climática, inovação e reindustrialização, transição energética, exportações e diversidade e equidade. Barbosa reforça a necessidade de estabelecer taxas adequadas para o desenvolvimento dessa agenda. 

“Usar as taxas que o Tesouro usa facilita, pois há taxas de cinco anos, de três anos que podem ser utilizadas em alguns casos. Mas precisamos de uma mudança estrutural, pois a taxa sozinha não muda o tamanho do Banco. Estamos conversando com a Fazenda sobre a criação de uma Letra de desenvolvimento, LCD, que poderia ser utilizada por bancos de desenvolvimento para captar recursos e que seria isenta de Imposto de Renda”, explica o diretor. 

Aloizio Mercadante enfatizou a necessidade de abertura de mercados para que a indústria do Brasil volte a se modernizar, gere emprego, renda e possa ganhar escala e competitividade. “98% do mercado está fora do Brasil. Para nossas empresas terem competitividade, elas precisam exportar. Disputar o mercado internacional gera emprego, renda e impostos. Isso a ajuda a modernizar a indústria que precisa ser inovadora e verde. O Mundo não terá futuro sem o Brasil”, concluiu ao citar frase da diretora Luciana Costa, também presente ao evento.