Compartilhamento de postes deve acabar se tornando uma necessidade para utilities

Redação – 10.04.2023 – Regulamentação, no entanto, ainda deixa dúvidas entre companhias de Transmissão e Distribuição  

Assim como qualquer outro setor, as empresas de energia aumentaram a demanda por infraestrutura de telecomunicações para lidar com a automatização de processos. A necessidade de tecnologia influencia o compartilhamento de postes, que surge como opção para aumentar eficiência. O tema foi debatido por representantes dos setores de transmissão e distribuição de energia no UTCAL Summit 2023, no Rio de Janeiro e, apesar do consenso sobre as vantagens do compartilhamento, os agentes do mercado consideram o cenário desafiador.   

Para Eduardo Campaner, gerente do Departamento de Automação, Proteção e Telemática da Eletrobras CGT Eletrosul, a regulação sobre compartilhamento de postes ainda é confusa e falta alinhamento entre as demandas dos reguladores do setor elétrico e da indústria de telecom. Campaner defende a possibilidade de as transmissoras de energia fazerem acordos bilaterais para operação, sem necessidade de chamadas públicas, como hoje é exigido.   

Ele observa ainda que há necessidades distintas entre os setores de transmissão e de distribuição de energia. “A regulamentação para compartilhamento de infraestrutura em torres de transmissão deveria ser separada do compartilhamento de postes, por exemplo.”  

Rosana Pereira, coordenadora corporativa de Soluções de Telecom do Grupo Energisa, concorda com a separação. “Todo mundo precisa de conectividade, mas tem que haver uma diferença. São setores segmentados”, diz.   

A sinergia entre as operadoras de telecom e as empresas na área de transmissão de energia, no entanto, não é tão simples. Por isso, as transmissoras relutam em oferecer suas torres para a instalação de redes de fibra ótica de terceiros. “Já tentamos, mas o resultado não foi favorável”, diz Alan Soares, gerente de Telecomunicações da StateGrid Brasil. 

“Temos um compromisso de disponibilidade com o ONS, um plano de operações de manutenção, instalações em locais de difícil acesso, é outro mundo. Fica difícil se comprometer com as operadoras de telecom para oferecer esse tipo de serviço.” 

Caso de sucesso em SC 

Marcelo Pelin, gerente de Telecomunicações e Compartilhamento na Celesc, distribuidora de energia de Santa Catarina, por sua vez, aponta caminhos promissores na parceria entre distribuidoras de energia e operadores de telecom. “Precisamos mudar a perspectiva de que o poste é de responsabilidade exclusiva da distribuidora”, argumenta.  

Segundo Pelin, o projeto-piloto da Celesc com oito operadoras em Jaraguá do Sul (SC), parceria com o MP estadual e a Prefeitura, tem dado bons resultados. “A Prefeitura informa essas empresas sobre cabos partidos ou abandonados nos postes e elas mesmas executam a limpeza”, conta. “Estamos há um mês em operação e outras cidades já nos procuram para promover iniciativas semelhantes”.