Como o 5G está mudando a lógica de negócios de telcos na América Latina

João Monteiro – 05.05.2023 – Especialistas da IDC comentam casos de uso de 5G nos principais países da região 

A expansão do 5G segue a todo vapor pelo mundo e na América Latina não é diferente. Na região, ao menos três grandes economias já têm redes 5G implementadas: Brasil, Chile e México – este último ainda não realizou leilão de espectro, mas já reordenou a faixa de 3,4 GHz que vem sendo utilizada por redes 5G. Esse movimento tem mudado a forma com que as operadoras conduzem suas ofertas de negócio, conforme discutido hoje (4/5) em painel online com especialista em telecomunicações da IDC. 

Juan Parra, diretor de Telecom da IDC México, diz que as operadoras hoje já precisam gerar ofertas adaptadas ao modelo de transformação digital adotado pelos clientes. “Soluções de nuvem, serviços digitais… Todas as organizações estão implementando novos modelos e as operadoras precisam ser disruptivas para alcançar mais clientes B2B.” 

Segundo ele, 54% das organizações mexicanas pensam adquirir novas tecnologias, como o 5G. No México, a indústria automobilística já está usando o 5G para trazer mais eficiência à produção. Já redes de supermercados usam o 5G para conectar câmeras de videomonitoramento que, junto com inteligência artificial, conseguem identificar prateleiras que estão esvaziando e enviar alertas para a equipe de reposição. 

No Chile, primeiro país da região a licitar as frequências do 5G, ainda em fevereiro de 2021, a academia e empresas locais criaram um observatório do 5G para criar soluções. José Díaz, analista de Telecom da IDC Chile, diz que isso é uma forma de dar um passo a mais no desenvolvimento de redes móveis e não usar a tecnologia apenas como um meio de conectividade. No país, a indústria de mineração é a que mais tem avançado no uso do 5G, utilizando a tecnologia para conectar equipamentos autônomos. 

Já no Brasil, os primeiros casos de uso do 5G começam a aparecer, muito ligados à indústria. Anderson Shintani, analista de Telecom da IDC Brasil, diz que a rede é usada para ter mais controle sobre equipamentos, monitorando a saúde das máquinas e trazendo economia de até 10% no consumo de combustível. “O agronegócio também tem usado redes privativas LTE para permitir testes de colheita autônoma, que devem vir a acontecer quando 5G for implementado em seus negócios.”