Novo asfalto morno da Petrobras promete ampliar descarbonização da pavimentação

Da Canaris – 26.05.2023 – CAP Pro (asfalto morno) é lançado durante a Paving Expo 2023 e deve ser disponibilizado comercialmente ao mercado em outubro

Cerca de 25% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) do planeta vêm da construção civil. Um terço disso fica a cargo das obras de infraestrutura, onde está a pavimentação asfáltica. Esta, por sua vez, responde por 30% das emissões geradas na implantação de uma rodovia e as técnicas e estratégias para reduzir esse impacto dominaram grande parte das discussões da Paving Expo 2023, realizada entre 24 e 26 de maio no Expo Center Norte, em São Paulo.

Não foi diferente com a Petrobras, que dedicou um workshop sobre o tema com participação de especialistas da Coppe/UFRJ, Ecorodovias e Grupo CCR. “Atualmente, a pavimentação asfáltica tem potencial para reduzir em 65% as suas emissões de GEE”, deu o tom do desafio o Ph.D em construção civil e consultor da Petrobras, Luiz Alberto Herrmann.

Ele ponderou que, além de tecnologias, é preciso o engajamento (mudança de atitude) do setor para reduzir a intensidade de carbono. No que tange às tecnologias, contudo, a Petrobras fez a lição de casa e apresentou, em primeira mão na Paving Expo 2023, dois lançamentos da sua Área de Asfaltos: o CAP AP e o CAP Pro, ambos dedicados a reduzir a intensidade de carbono do setor.

CAP Pro: asfalto morno e eficiente

Formulado para aplicações em temperaturas reduzidas (asfalto morno), o CAP Pro é um cimento asfáltico de petróleo para aplicação em menores temperaturas. Ele promete reduzir o consumo de energia/combustível durante o processo de pavimentação e também depois, ao longo da vida útil do pavimento. 

Em linha com a tendência (e a necessidade) de redução da temperatura durante os processos de produção asfáltica, ele foi desenvolvido para ser totalmente produzido em refinaria e posteriormente enviado direto às obras. “O CAP Pro é especificado como CPD 30/45, com aditivo químico, e permite reduzir a temperatura de usinagem e compactação em até 40 graus celsius, sem prejuízo de performance para as vias”, explicou Herrmann.

Com essa redução de temperatura, o novo material da Petrobras também permite redução da intensidade de carbono da mistura asfáltica em até 65%, dependendo de variáveis e em comparação com o CAP 30/45 convencional. “Isso porque ele permite a aplicação de temperaturas menores em todas as fases do processo construtivo”, disse Herrmann.

Segundo ele, a aplicação do CAP Pro não altera os processos e os equipamentos necessários na pavimentação, além de ser um concreto asfáltico com maior resistência ao dano por umidade e, portanto, de menor nível de envelhecimento. “É sabido que a cada 10 Cº acrescidos na usinagem da mistura asfáltica, se dobra o índice de envelhecimento dela”, pontuou o  especialista.

Outro benefício do lançamento da Petrobras é a possibilidade de aumentar o teor de RAP (asfalto reciclado) em até 35%, além da possibilidade de reduzir – ou até eliminar – o uso de cal, produto que tem grande impacto no cômputo de emissões do setor. “Em números gerais, calculamos que a cada 1 tonelada de CP Pro aplicada, é possível evitar a emissão de 110 kg de CO2 equivalente”, revelou Herrmann, reforçando que a comparação é com o asfalto quente tradicional.

Outra ponderação de Herrmann foi sobre desempenho. Sentenciando que “não há sustentabilidade sem eficiência” – em linha com o que o grande parte do mercado corporativo tem proferido sobre os avanços ESG – ele comparou que o CAP Pro atinge 77% de DUI (Ensaio de Dano por Umidade Induzida), enquanto misturas tradicionais aplicadas a quente, igualmente da faixa classificada como CAP 30/45 e com o mesmo tipo de agregados, alcançam 55% de DUI. 

O fator de fadiga da mistura também é de 30% a 35% menor no CAP Pro, que está previsto para ser lançado comercialmente em outubro deste ano

CAP AP: novidade para asfalto reciclado

A outra novidade apresentada pela Petrobras na Paving Expo, o CAP AP é um cimento asfáltico de alta penetração da faixa de 70/85, e apresentado como ideal para misturas com maior índice de asfalto reciclado (RAP). “É um CAP sem aditivo, mas cuja composição química obtida por meio de ajustes nos processos de refino e na seleção de dosagem do diluente, o torna desejável para maior aplicação de RAP (asfalto reciclado)”, explicou Herrmann.

Segundo o especialista, o CAP AP já está em fase de homologação na Agência Nacional de Petróleo e será disponibilizado para comercialização assim que esse processo for concluído. 

No contexto de que as reduções de emissões de GEE do setor passam essencialmente pelo maior uso de RAP, Herrmann acredita no potencial do CAP AP no mercado brasileiro, comparando, por exemplo, com mercados mais avançados, como o dos Estados Unidos, onde o RAP já é aplicado em 80% das misturas asfálticas aplicadas.

Assim como o CAP Pro, o CAP AP será produzido na Revap – refinaria da Petrobras localizada em São José dos Campos (SP) e foram apresentados na Paving Expo como uma das grandes apostas da Área de Asfaltos da Petrobras para contribuir com a meta net zero carbono do setor de pavimentação até 2045.