Porque o provedor precisa migrar para o IPv6

Redação – 30.05.2023 – Especialista do NIC.br explica os motivos que devem fazer os provedores migrarem para o IPv6

Antonio Moreiras, gerente de Projetos do NIC.br, teve uma dura tarefa hoje durante sua palestra no Encontro Nacional Abrint 2023: convencer os provedores a migrarem para o IPv6. O especialista veio “armado” com alguns argumentos, entre eles o custo e os problemas com o CGNAT, a possibilidade de mitigar ataques DDoS e a popularização de equipamentos adaptados ao IPv6.

O CGNAT é uma solução que permite aos provedores o compartilhamento do IPv4, fazendo que diferentes clientes usem o mesmo protocolo de internet, dando maior uso para o número limitado de protocolos que se tem atualmente. Moreiras argumenta que há um custo em manter esse tipo de infraestrutura na rede e também traz reclamações entre os clientes por falta de qualidade.

Já a questão dos ataques de negação de serviço (DDoS) a melhora não necessariamente pelo IPv6 ser mais seguro, mas por causa dos padrões de ataque. Por ter mais dispositivos conectados, o IPv4 é a principal vítima para o DDoS, algo que deve mudar quando o IPv6 for massificado.

Por fim, os roteadores, CPEs e outros equipamentos comercializados hoje já permitem conexão de IPv4 e IPv6, sem qualquer adição de preço por isso. “O que o provedor pode fazer é já conectar os novos clientes com o IPv6 e deixar o legado para quando houver necessidade de alguma atualização da oferta”, sugere Moreiras.

O que não pode acontecer é deixar o IPv6 de lado, afirma o especialista, porque ele é a evolução da Internet. “Temos avaliado que o IPv6 funcionou com as grandes operadoras e os provedores não podem ficar para trás.”

Desafios na implementação do IPv6

Superada a questão financeira, surgem dois desafios para a migração para o IPv6. O primeiro é a compatibilidade com os dispositivos na casa dos clientes. Muitos provedores alegam que, ao habilitar o IPv6, o usuário tem acesso a aplicações negado porque o dispositivo não é compatível. O resultado é uma má impressão do cliente de que o serviço de conexão à internet é ruim.

A solução encontrada pela maior parte dos provedores é desabilitar o IPv6 e manter o cliente no IPv4, mas isso é apenas mais um reflexo do segundo desafio: falta de conhecimento técnico. De acordo com Moreiras, parte desses problemas de conexão que envolvem o IPv6 e o dispositivo de clientes podem ser resolvidos com a configuração certa na CPE.

Porém, a falta de conhecimento técnico também surge na gestão do provedor. Muitos não tem equipe o suficiente para implementar uma migração desse tipo. Por isso, o próprio NIC.br desenvolveu cursos gratuitos online para ajudar os provedores a se atualizarem.