Pavimentos de concreto têm futuro no Brasil, defende Votorantim Cimentos

João Monteiro – 06.06.2023 – Com estudos de ganhos financeiros e sustentáveis, pavimentação em concreto ganha novas possibilidades no país

A Votorantim Cimentos apresentou o seu olhar de médio e longo prazo sobre os benefícios do desenvolvimento da infraestrutura rodoviária com o pavimento rígido de concreto durante a Paving Expo 2023. Esta foi a segunda edição do evento no qual a empresa liderou workshop a respeito.

Lidiane Blank, gerente de Desenvolvimento de Negócios de Infraestrutura da Votorantim Cimentos, disse que este é o melhor momento para se discutir a tecnologia, visto que a engenharia brasileira tem desenvolvido conhecimento a respeito nos últimos anos. “Atualmente, uma obra de rodovia com pavimento de concreto consegue se viabilizar mais rápido. Com 20 anos, o custo da obra se paga”, explicou a especialista. Segundo ela, a duração mínima de uma rodovia com essa tecnologia é de 30 anos, com trabalhos de manutenção menos frequentes do que nas pavimentações com asfalto.

Custos mais competitivos

A especialista pontuou que o custo do pavimento rígido de concreto está diminuindo, na medida em que mais casos de sucesso vão surgindo. “Hoje, se tem mais exemplos de pavimento rígido no Brasil e é possível testar melhor a durabilidade da solução. Os custos estão mais competitivos em comparação com o asfalto”, afirmou.

Um estudo da Ecorodovias mostrou que a construção e manutenção de uma via com pavimento rígido de concreto pode ser 29% menor a longo prazo, em projeto de 30 anos.

Na rodovia PRC-280, um dos principais corredores logísticos das regiões Sudoeste e Sul do Paraná, 59,55 quilômetros de vias foram recuperadas através da técnica de whitetopping, que aplica uma camada de concreto de cimento portland diretamente sobre o revestimento asfáltico deteriorado.

Segundo o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-PR), o investimento na PRC-280 foi de R$ 120 milhões, e gerou economia de 25% na comparação com o que poderia ter sido investido em pavimento flexível (CBUQ). Em números gerais, isto significou cerca de R$ 20 milhões de economia aos cofres públicos.

“O resultado dessa iniciativa fez o DER-PR iniciar um estudo sobre outros 3,1 mil quilômetros de estradas a serem recuperadas com o uso do pavimento rígido de concreto”, disse Lidiane.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) é outro órgão estatal que estuda o uso do concreto e o projeto executivo de licitação da BR-135/MA já prevê a solução.

Concreto em vias urbanas

Para além das estradas, Lucas Noritake, gerente de Marketing para Infraestrutura da Votorantim Cimentos, apontou que a maturidade de uso do pavimento rígido de concreto também chegou às cidades. Segundo ele, os loteamentos são os locais que mais se aproveitam do pavimento de concreto urbano (PUC), com condomínios residenciais apostando na solução como forma de reduzir a necessidade de manutenções e podendo economizar até 10% no custo do projeto.

O mesmo acontece com estacionamentos de grandes empreendimentos e, claro, com os corredores de ônibus (BRTs) que ganham espaço no Brasil.

“É uma questão cultural”, lembrou Lidiane, que vem sendo ajustada conforme a experiência positiva com o uso do pavimento rígido de concreto. “Com o aumento de cases, a questão acaba sendo o que atende ao projeto de engenharia”, completa Noritake.

Vantagens sustentáveis

O estudo Avaliação de Ciclo de Vida, realizado pela Fundação Espaço Eco, fez um escrutínio das técnicas de pavimentação considerando as dez categorias de impacto ambiental mais relevantes para os dois tipos de pavimento. A avaliação se deu sobre todas as etapas das obras, desde a produção das matérias primas utilizadas até os processos industriais de produção, passando ainda pela manutenção dos pavimentos.

A conclusão foi de que as vias em concreto são 13% mais ecoeficientes que as feitas em asfalto. As diferenças são maiores em vias de tráfego pesado ou intenso e elas são medidas em diversas esferas, inclusive na sustentabilidade dos usuários.

Segundo cálculos do Massachusets Institute of Technology (MIT), os veículos que circulam sobre o pavimento rígido consomem de 1% a 6% menos combustível que os que circulam sobre asfalto, dependendo do peso e da temperatura ambiente.