Número de salas VIP crescem em aeroportos brasileiros

Fila para entrar na sala VIP no aeroporto do Recife (Foto: Daniel Gadelha).
Redação – 08.08.2023 – Foram 31 novos lounges nos últimos dois anos, com destaque para descentralização desse tipo de serviço, atingindo voos domésticos 

Levantamento feito pelo Melhores Destinos mostra que 31 salas VIP foram inauguradas nos aeroportos brasileiros nos últimos dois anos. Além disso, pelo menos mais quatro lounges ainda devem abrir até o final de 2023 e outros seis foram ampliados ou estão em ampliação. 

O Aeroporto de Guarulhos, o mais movimentado do Brasil, foi o que recebeu a maior quantidade de novos lounges, com 11 novas salas VIP (35% do total). Foram quatro do grupo W Premium, dois do grupo The Lounge, além das salas VIP da Visa, Mastercard (que abriu seu terceiro lounge no terminal), Nomad, Bradesco e a Plaza Premium. E ainda tem um novo lounge em construção, do banco Inter. 

Os demais aeroportos que figuram entre os mais movimentados do Brasil também receberam juntos um total de 11 novas salas VIP. O Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, ganhou três novos lounges, sendo dois do grupo Advantage e um do BRB 

Já os aeroportos de Salvador (BA) e de Fortaleza (CE) ganharam dois novos lounges cada, enquanto os terminais de Campinas (SP), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS) e do Recife (PE) ganharam uma sala VIP cada. Os aeroportos do Recife e de Belo Horizonte devem ganhar ainda mais um lounge cada até o fim de 2023. 

Descentralização 

Outro destaque do levantamento é que houve um movimento inédito de descentralização no Brasil, com nove lounges abertos em aeroportos do interior e em terminais que não figuram entre os mais movimentados do País. É o caso de Chapecó (SC), Joinville (SC), Ribeirão Preto (SP) e Uberlândia (MG). 

Outros exemplos são cidades com menor movimento de passageiros, como Campo Grande (MS), Vitória (ES), Teresina (PI), Goiânia (GO) e Belém (PA). Palmas (TO) também deve ganhar seu lounge até o fim do ano. 

O que explica esse crescimento de salas VIP no Brasil? 

O maior número de viajantes com cartões de crédito com acesso a salas VIP é o principal impulsionador do mercado desses lounges. “O benefício mais valorizado pelos clientes dos cartões são as salas VIP. Isso é atrativo para os bancos”, destacou Italo Russo, CEO e fundador da W Premium Group, numa entrevista publicada pelo site Melhores Cartões. 

A expansão da infraestrutura dos aeroportos nacionais também contribuiu para esse crescimento, já que os novos terminais viabilizaram espaço para esse tipo de serviço. Além disso, a retomada dos voos após a pandemia também foi fundamental para estimular a demanda. 

Na década passada, o acesso a salas VIP no Brasil era predominantemente voltado para viajantes internacionais voando de primeira classe ou em classe executiva. Ou seja, pago pelas companhias aéreas. 

Mas quase todos os novos lounges que abriram nos últimos dois anos são voltados para o público dos cartões de crédito, com parcerias com o Priority Pass, Lounge Key, e/ou Dragon Pass, principais programas utilizados pelos emissores de cartões no Brasil. Além dos lounges próprios dos bancos, como o Bradesco, ou das bandeiras, como o primeiro lounge da Visa no mundo e o terceiro lounge da Mastercard em Guarulhos. Isso está reconfigurando completamente o mercado. 

Além disso, 23 das 31 salas VIP abertas nos últimos dois anos estão voltadas para viajantes nacionais, ou seja, ficam em terminais domésticos, sendo que alguns deles não tinham nenhuma opção de acesso até então. Ou seja, claramente havia uma demanda reprimida de quem já poderia ter um cartão o benefício de acesso a salas VIP e que não tinha onde utilizá-lo.

Desafios para maior qualidade do serviço 

O crescimento do acesso e da demanda por salas VIP também trouxe consequências negativas para os viajantes brasileiros. É cada vez mais comum encontrar lounges com filas ou superlotados, às vezes sequer com espaço para sentar. A qualidade do serviço também vem caindo, com menos opções de alimentação e bebidas nos lounges mais movimentados. E já há até cobrança à parte por alguns serviços que antes eram gratuitos, como o chuveiro para banho. 

A ampliação das salas é uma forma de atenuar esse problema, mas os bancos, aos poucos, também estão se movimentando, limitando ou restringindo o acesso aos lounges, que para alguns clientes era ilimitado.