Unicamp vai desenvolver sistema para rastrear produção e saúde de baterias

Redação – 13.11.2023 – Projeto abrangerá toda a cadeia produtiva a partir de uma plataforma criada com o sistema blockchain

Pesquisadores do Centro de Estudos de Energia e Petróleo (Cepetro), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), deram início a estudos para desenvolver um sistema de rastreamento de baterias. A ideia é criar uma espécie de “passaporte” digital desses dispositivos que mapeará o ciclo de vida completo deles, da extração do minério utilizado em sua fabricação até o reuso, reciclagem e eventual descarte.

O projeto, previsto para durar três anos e com a participação de cerca de 15 pesquisadores, é financiado pela multinacional francesa TotalEnergies. Ele integra um acordo de R$ 22,9 milhões entre a Unicamp e a empresa, firmado em junho, que prevê a execução de seis projetos no total, todos na área de energia solar e baterias.

O Cepetro quer entender o que acontece com as baterias desde a exploração de sua matéria-prima até o descarte ou reciclagem. Ele explica que é como se fosse colocasse um chip nelas, em todas as etapas pelas quais passam, para mapear os processos e saber o quanto cada uma emite de CO2, quanta energia elétrica e água foram utilizadas e quem são os responsáveis por fazer a reciclagem delas.

Assim, o sistema abrangerá toda a cadeia produtiva. Desde a extração do minério, o transporte de caminhão ou trem, navio, a produção propriamente dita – em geral, na China – e a sua volta e uso nos países. A intenção é desenvolver uma plataforma online com a tecnologia blockchain, na qual diversas empresas estarão conectadas em uma mesma cadeia de dados. Os dados serão criptografados para que não haja problemas concorrenciais.

O sistema valerá para qualquer bateria, independentemente da tecnologia utilizada para a sua fabricação ou de sua finalidade – seja para veículos elétricos, celulares ou para a indústria.

As informações sobre a vida útil do dispositivo, como por exemplo a forma com a qual ele foi utilizado ao longo do tempo, ajudarão também a desenvolver modelos preditivos para prever o estado de saúde das baterias e melhores estratégias para o carregamento e descarregamento, classificação, avaliação do nível de risco e otimizações para um segundo uso. Com isso, há um ganho comercial também, permitindo explorar novos modelos de negócio.

Para desenvolver a plataforma, os pesquisadores criarão modelos a partir de dados públicos disponibilizados em milhares de artigos científicos sobre, por exemplo, testes de diferentes baterias de carros. Com o pré-tratamento de dados e um modelo preditivo da saúde das baterias, a ideia é que as informações possam ser acessadas online.