Americanos renegam a lama das ETEs e ETAs

Da redação – 10.05.2016 – 

Concessionária local encontra dificuldade para usar o material, caracterizado como biossólido nas fazendas da região. Resistência acontece pelo medo da presença de metais pesados e PBC

Parte dos habitantes da zona rural de Charlotte entrou em briga direta com a Charlotte-Mecklenburg Utilities (CMUD), concessionária local que faz o tratamento de água e esgoto da cidade sulista dos Estados Unidos. A informação vem do jornal local Charlotte Observer. Normalmente, o subproduto do tratamento de água e esgoto vinha sendo utilizado para fertilizar fazendas da região. De acordo com o jornal, a prática é antiga e considerada segura tanto pelas autoridades federais como as do estado da Carolina do Sul, onde fica a cidade.

Mas para alguns dos habitantes, a iniciativa da CMUD não é bem-vinda, principalmente os moradores dos condados de Cabarrus e Rowan, onde a empresa pretende usar uma área de 1,3 mil acres como território de disposição da lama. O medo é de contaminação de água e envenenamento do solo e irrita fazendeiros como Myra Morrison, presente na região desde a década de 1960.

A lama, tecnicamente definido como biossólido quando apropriadamente processado, ou seja, pela eliminação e bactérias e outros micróbios que causam doenças, pode ser um bom negócio para a CMUD. A companhia deve investir cerca de US$ 100 milhões nos próximos seis anos para tornar eliminar totalmente a presença de patogênicos na lama. Se o objetivo for atingido, a meta é vender o produto no varejo.

Produto final do tratamento de água e esgoto, lama pode ser descartada com segurança
Produto final do tratamento de água e esgoto, lama pode ser descartada com segurança.

Para os habitantes em revolta, no entanto, os germes não são o problema e sim a presença de arsênico e metais pesados, entre outros elementos. A quantidade mínima de produtos bifenilos policlorados (PCBs) ou mercúrio pode representar uma série ameaça para os fazendeiros, de acordo com o Charlotte Observer. E há razão para isso, uma vez que a presença de carcinogênicos foi detectada na planta de tratamento de esgoto da cidade.

A concessionária se defende, informando que não houve a deposição de lama contaminada com PCB nos campos e que aumentou os testes para detecção de futuras ameaças de contaminação. Para a empresa, o padrão de 10 partes de PCB por milhão é o limite para liberação do subproduto para uso em fertilização.

A tempo: o uso de lama de ETAs e ETEs é regulado pela Environmental Protection Agency (EPA), que estabeleceu os padrões para a essa prática em 1993, incluindo teste para a presença de micróbios causadores de doenças e para nove metais que podem ser tóxicos quando usados em altas doses.