Gás natural ainda é oportunidade de infraestrutura no Brasil

Por Nelson Valêncio 25.06.2015 – 

O Brasil tem 27 mil km de malha de gasoduto para distribuição insumo, enquanto os EUA somam 143 mil km contra a rede brasileira. Ou seja, a expansão do gás também pode significar investimentos em infraestrutura, mas o monopólio da Petrobras no setor pode ser um atravancador.

Obras do Gasoduto Caraguatatuba-Taubaté (2006). Crédito: Rodrigo Conceição Santos
Obras do Gasoduto Caraguatatuba-Taubaté (2006).    Crédito: Rodrigo Conceição Santos

Os especialistas presentes ao 16º Seminário sobre Gás Natural, promovido pelo Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), iniciado ontem no Rio de Janeiro, apresentaram um quadro atualizado sobre o combustível. Symone Araújo, diretora de Gás Natural do Ministério das Minas e Energia (MME), destacou que a oferta de gás aumentou 72% entre 2009 e 2014 (considerando gás natural importado da Bolívia e GNL importado de vários países).

A grande maioria da produção nacional (67%) está associada ao petróleo e 73% da produção ocorre na plataforma marítima na costa brasileira. Para a especialista, a citação dos Estados Unidos – feito por alguns críticos da produção nacional – não faz sentido. Explorando gás de xisto, em ocorrências terrestres, os norte-americanos têm a seu favor uma infraestrutura consolidada de 349,9 mil km de dutos para transporte de gás entre os estados.

Bolívia nega risco de não fornecimento de gás ao Brasil

O Brasil somaria 9,4 mil km de malha. Na distribuição, os americanos somam 143 mil km contra a rede brasileira de 27,3 mil km. Ou seja, a expansão do gás também pode significar investimentos em infraestrutura. Pode ser que as obras envolvam, na verdade, a construção de termelétricas na “boca do poço”, isso se jazidas terrestres forem confirmadas e se as térmicas a gás forem integradas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) de transmissão de energia.

Os dois “se” do parágrafo anterior ainda merecem respostas. Para a executiva do MME, o quase monopólio da Petrobras no segmento pode inibir o desenvolvimento mais ativo do setor. A opinião de Symone é compartilhada por vários palestrantes presentes ontem no seminário do IBP.