Presidente da EPE aponta crescimento de 419% nas térmicas a gás

Por Nelson Valêncio – 25.06.2015 –

Se projetos em Pernambuco, Sergipe e Rio Grande do Sul avançarem, o Brasil reduziria a dependência de importação de gás da Bolívia a partir de 2019.

Terminal de GNL de Rio Grande (RS)
Terminal de GNL de Rio Grande (RS)

Maurício Tolmasquim – presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a autarquia que responde pelo planejamento energético no Brasil – fez um apanhado do mercado de termelétricas a gás na mesa redonda que encerrou o primeiro dia do 16º Seminário sobre Gás Natural, no Rio de Janeiro. Os dados do especialista indicam que a geração a gás deu um salto entre 2002 e 2014, com um crescimento de 13,5% ao ano.

Na matriz energética atual, as usinas que adotam gás natural e o GNL, o chamado gás natural liquefeito, respondem por nada menos do que 22 mil MW ou 18% da geração total de energia do país. Somente o gás natural já responde por 13% da capacidade instalada de geração, com destaque para o biênio 2014-15, quando o total contratado de novas usinas já soma 4,5 mil MW, dos 10 mil MW contratados nos últimos dez anos.

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Contra o avanço do combustível pesa a obrigatoriedade recente de se comprovar – por parte do investidor – o suprimento de gás natural no período do contrato firmado nos leilões. Ou seja, 25 anos. Vários ajustes – entre eles, os econômicos e os técnicos – também elevaram o preço nos leilões de reserva deste ano para R$ 281,00 por MWh, contra os R$ 209,00/MWh apontados no leilão A-5, realizado em 2014.

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Ainda de acordo com Tolmasquim, o Brasil deverá ter uma oferta de 169 milhões de m³ ao dia em 2019, incluindo produção nacional de gás natural, importação da Bolívia e importação de GNL do mercado internacional. Isso daria ao país um excedente de 22 milhões de m³/dia, contando com as instalações do primeiro grande terminal onshore de GNL, que será ativado em Rio Grande (RS).

Se outros dois terminais do mesmo tipo – um em Suape e outro no estado do Sergipe – acontecerem de fato – o Brasil passa a ter um excedente de 38 milhões de m³/dia de gás. Esse valor é superior aos 30 milhões de m³/dia contratados junto à Bolívia, o que reduziria a nossa dependência do país vizinho.

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