Operadoras de telecom ainda patinam em cidades inteligentes

Nelson Valêncio – 24.02.2022 – As operadoras de telecomunicações – ou telcos como são conhecidas internacionalmente – estão patinando quando o tema é cidade inteligente. Assim como aconteceu com o internet banking há alguns anos, elas não são protagonistas do processo como poderiam ser. E há números que mostram isso claramente, como o artigo publicado pela Mobileum no começo desse mês sobre infraestrutura de rede e a Internet das Coisas (IoT). Acesse aqui o conteúdo na íntegra: Being Smart about the Smart City

Os dados são de um levantamento da Boston Consulting Group (BCG) e indicam que “apenas 20% das soluções de cidades inteligentes foram implantadas além de 10% de cobertura populacional, mesmo nas cidades mais desenvolvidas”. E mais: Dos mais de 1.900 investimentos feitos por nove empresas líderes em tecnologia e telecomunicações desde 2010, apenas 66 – cerca de 3,5% – envolveram cidades inteligentes, de acordo com a consultoria. “É difícil para grandes players como telcos se apropriarem e expandirem dentro das funções de cidades inteligentes, especialmente quando seus limites ainda estão se cristalizando”, avalia o material da Mobileum.

O problema principal é que os projetos de cidades inteligentes tem subverticais e cada um deles opera com regras próprias. Para os especialistas da Mobileum, as operadoras estão numa encruzilhada pois estão mal posicionadas em várias partes do ecossistema que suporta o IoT, o qual por sua vez, é uma das bases que viabiliza as cidades inteligentes. Esse mal posicionamento inclui áreas como a fabricação de módulos, o desenvolvimento de software de aplicativos e a integração de sistemas (todos requisitos para o IoT).

Por outro lado, há rotas que podem mudar esse cenário e permitir que as mesmas operadoras rentabilizem seus ativos de IoT e ganhem protagonismo nos projetos de cidades inteligentes. O primeiro passo é oferecer um serviço de valor agregado tal que o tornaria vital para empresas se serviços públicos. “Monitorar de perto o desempenho geral de uma base de dispositivos IoT se tornará uma missão crítica. As empresas de telecomunicações podem usar análises de rede em tempo real para oferecer serviços online que permitem que cada cliente corporativo rastreie o status preciso de todos os footprints”, avalia o artigo.

O segundo caminho envolve a proteção abrangente do ecossistema. Essa é uma questão importantíssima, visto que o IoT pode ser uma porta de entrada para a invasão de criminosos cibernéticos. “Por meio de suas redes, as empresas de telecomunicações oferecem a única linha global de defesa contra ameaças cibernéticas direcionadas a cidades inteligentes. Embora diferentes provedores de soluções tenham suas próprias habilidades localizadas para combater essas ameaças, as telcos fornecem uma plataforma abrangente de inteligência de detecção que pode proteger a todos simultaneamente”, diz o artigo.

A terceira forma – e na verdade todas podem ser usadas ao mesmo tempo – envolve a aceleração das cidades inteligentes, ou seja, as telcos atuando como catalisadoras de projetos. “As cidades inteligentes surgem de um amálgama de iniciativas distintas. E nem sempre os principais patrocinadores de cada iniciativa podem ser entidades governamentais. Na verdade, os casos de uso de cidades inteligentes são comumente conduzidos por empresas do setor privado que criam silos de automação isolada, muitas vezes invisíveis para órgãos públicos”, detalha o artigo.

Para a Mobileum, somente as empresas de telecomunicações podem entregar as três propostas acima porque tem um ativo importante e que confere inputs em tempo real: a infraestrutura de rede. “Com a plataforma de análise de rede certa, a ascensão das cidades inteligentes apresenta às empresas de telecomunicações a oportunidade de desempenhar funções-chave, apoiando seus avanços inevitáveis”, finaliza o material, o que é realmente uma visão bem acertada desse cenário.