Vendas de cimento seguem pressionadas por custos

Redação – 13.05.2022 – Foram 5,2 milhões de toneladas vendidas em abril, queda de 2,9% em comparação com 2021 

As vendas da indústria do cimento no mês de abril seguiram a tendência de retração do primeiro trimestre de 2022 e registraram queda de 2,9% em comparação ao mesmo mês do ano passado. Em termos nominais foram comercializadas 5,2 milhões de toneladas, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC). Os custos do cimento foi um dos motivos para a redução das vendas.

O ambiente de instabilidade geopolítica, somado aos indicadores internos desfavoráveis como o recorde no endividamento das famílias, juros em patamares elevados (12,75%) e a maior inflação registrada em 27 anos continuam a impactar o setor de construção. No cenário externo, a produção industrial global caiu em abril pela primeira vez desde junho de 2020, influenciada principalmente pela guerra entre Rússia e Ucrânia e o lockdown chinês, afetando negativamente a economia brasileira. 

Diante desse cenário, o SNIC diz que a indústria de cimento verifica ainda importantes reajustes nos custos de seus insumos, tais como: refratários, gesso, sacaria, frete marítimo e rodoviário e coque de petróleo, que encarecem os custos de produção. Todos esses fatores foram determinantes para que as vendas de cimento apresentassem retração de 2,6% no quadrimestre em relação ao mesmo período de 2021, totalizando 20 milhões de toneladas comercializadas. 

O volume de vendas de cimento por dia útil apresentou alta de 3,8%, em relação ao mês de março influenciado pelos feriados de abril. No acumulado do ano (jan-abril), seguindo a tendência dos números absolutos, o desempenho é de queda de 2,7%. 

Índice de confiança do consumidor é positivo 

Apesar da mencionada conjuntura econômica desfavorável, os índices de confiança caminham em direções opostas. O índice de confiança do consumidor avançou em abril e atingiu o maior nível desde agosto de 2021 devido ao arrefecimento da pandemia, a liberação do FGTS, antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS e melhoria no acesso ao crédito imobiliário pela Caixa, principalmente. 

Houve uma diminuição do pessimismo com relação ao mercado de trabalho, ainda que a estabilização do nível do desemprego esteja em 11%, segundo IBGE. A ampliação da redução do IPI em 35% também sinaliza otimismo, pois significa preços mais baixos para a população, fazendo aumentar o poder de compra. 

O índice de confiança da construção também avançou em abril para o maior nível desde janeiro de 2014. As expectativas dos empresários da construção melhoraram, porém desde setembro essa percepção oscila entre altos e baixos com dificuldades no desenvolvimento do programa Casa Verde Amarela e evolução no mercado imobiliário de maior poder aquisitivo. 

Apesar da alta no número de lançamentos, o volume de unidades vendidas influenciada principalmente pelo aumento dos juros registra queda. Esse movimento faz com que o estoque de imóveis cresça, indicando uma tendência para o futuro de redução de novos empreendimentos, gerando insegurança para a indústria do cimento.