Falta de conhecimento sobre BIM faz licitações serem menos assertivas

João Monteiro – 13.06.2022 Especialista diz que licitações exigem uso da metodologia BIM sem órgãos públicos terem processos estruturados para seu uso

Como o próprio nome diz, a metodologia BIM (Modelagem da Informação da Construção, na sigla em inglês) é um método para dar mais eficiência aos processos de construção. No entanto, conforme o especialista no assunto Wendell Costa diz, há quem confunda o BIM com a tecnologia usada para realizar seus processos. Isso é o que acontece muitas vezes em licitações de órgãos públicos, que exigem a metodologia sem a ter estruturada em seus trabalhos. Ele participou da última edição da Paving Expo, evento sobre o setor de pavimentação realizado semana passada.

Costa, que é Chief Visionary Officer (CVO) na ADAX Consultoria, empresa especializada em metodologia BIM, explica que ainda não existe um conhecimento adequado para que se possa formatar uma licitação mais assertiva e específica sobre BIM. “O próprio órgão que solicita um processo em BIM não tem trabalho estruturado em BIM. Se não tem um, como que vai implementar o projeto de forma correta?”

Ele lembra que o BIM não é o software, é uma metodologia de processos que parte de análise e gestão de projetos e obras, e precisa incluir a administração de um órgão. A tecnologia funciona mais como a ferramenta para que o BIM vai utilizar. Para ele, os órgãos públicos precisam capacitar o setor de contratos para que entendam como funciona a metodologia e possam contratar projetos do tipo.

Como implementar a metodologia em projetos públicos

Costa explica que um dos caminhos que existem hoje para implementar o BIM em licitações é pegar experiências de empresas que são consolidadas em BIM e contratá-las para um processo de consultoria para elaborar projeto básico. “Isso porque o BIM muitas vezes não tá bem entendido, em grande parte porque algumas empresas vendem software como BIM. A tecnologia vem depois do processo estabelecido”, afirma.

Um exemplo bem sucedido foi o Prosamin +, um programa de infraestrutura do governo do Amazonas que utilizou a metodologia BIM em seu projeto habitacional, que contou com a participação da ADAX Consultoria. Orçado em R$ 73,8 milhões, o custo do metro quadrado de cada residência foi de R$ 2.229, bem abaixo de projetos habitacionais anteriores, como o Prosamim 1 (R$ 2.730), Prosamim 2 (R$ 2.758) e Prosamim 3 (R$ 4.196).

Costa explica que esse custo foi alcançado através de:

  • inovações tecnológicas e processos construtivos mais modernos;
  • priorização da alocação dos conjuntos habitacionais em solos estáveis;
  • solos estáveis exigem menos robustez das fundações, representando menor custo com aço e outros insumos;
  • tipologia do bloco, passando de três para quatro pavimentos, otimizando o aproveitamento da estrutura existente.

“Com a metodologia BIM, ganhamos tempo e assertividade no orçamento de toda a obra”, completa o especialista.