Apenas 2,5% das construtoras brasileiras se dizem maduras em BIM

Redação – 10.10.2022 – Pesquisa de maturidade BIM (Building Information Modeling) contou com a participação de 478 profissionais da indústria da construção brasileira de todos o País 

A segunda edição da pesquisa de maturidade BIM (Building Information Modeling) aponta que apenas 2,51% das construtoras brasileiras se consideram maduras na integração e uso dessa tecnologia. A pesquisa foi realizada pela Sienge, ecossistema tecnológico da indústria da construção, a consultoria Grant Thornton e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) com 478 profissionais do setor. 

A maioria das empresas (59,42%) está nos níveis 0 e 1 de uso do BIM. Nessas etapas, a informação é produzida basicamente com desenhos CAD 2D e 3D e os arquivos de projetos são compartilhados digitalmente. No entanto, não há um modelo unificado para o gerenciamento de informações. 

No nível 2, que significa utilizar e compartilhar modelos BIM de maneira unificada por meio de um ambiente integrado, com informações 4D e 5D disponíveis, encontram-se 21,55% das empresas. As 2,51% das respondentes que se dizem maduras estão no nível 3, o mais avançado no processo de integração total, que inclui também a aplicação e o gerenciamento de informações relacionadas ao ciclo de vida do ativo. 

Questionados sobre como a organização enxerga a interação do BIM com outras soluções tecnológicas da construção civil nos próximos anos, 70,25% dizem que se veem trabalhando com BIM. Desses, 37,2% afirmam não visualizar a integração do BIM com outras ferramentas da construção 4.0 (como realidade aumentada/virtual e inteligência arficial) e 33% acreditam nessa integrarão BIM com outras tecnologias.  

Dificuldades para implantação do BIM em construtoras

Com relação às dificuldades para utilização do BIM, os principais temas apontados foram a falta de capacitação dos profissionais (48,1%), seguida pela inexistência de processos adequados para adoção da metodologia (45,4%) e pela falta de incentivos financeiros para a capacitação dos funcionários (33,5%). São as mesmas barreiras identificadas na primeira edição da pesquisa em 2020. 

Vale ressaltar, ainda, que um número considerável de respondentes (17,2%) afirma que a falta de interesse por parte da alta gestão da organização é uma barreira importante na implementação BIM. 

No que se refere à qualificação profissional, 58,16% afirmaram que apenas alguns funcionários possuem os conhecimentos necessários e 26,57% responderam que não dispõem de pessoas qualificadas para o uso das ferramentas BIM. Esses índices mostram que o conhecimento ainda é pouco difundido entre todos os profissionais envolvidos no processo, fato que se contrapõe à natureza colaborativa da metodologia BIM. 

Software, hardware e pessoas 

A aplicação da tecnologia foi outra questão abordada na pesquisa, cujos resultados mostram que os softwares para modelagem 3D e compatibilização/detecção de conflitos das disciplinas de projeto são os mais utilizados no segmento, confirmando o estágio inicial do nível de maturidade indicado pela maioria dos respondentes. 

No componente hardware, a grande maioria das construtoras (63,6%) declara que está preparada com os equipamentos necessários à utilização de softwares BIM. Quase 20% afirmam que a organização possui poucos ou nenhum equipamento adequado e 9,4% dos entrevistados dizem não ter equipamentos com configurações de hardwares apropriadas, mas que há perspectiva de implementação em até um ano. Já 7,53% indicam não possuir equipamentos adequados, mas que há perspectiva de implementação de um a três anos. 

À falta de treinamento ou incentivo a cursos por parte das organizações representa 44,3% das empresas. Apenas 17,45% afirmam que as organizações promovem treinamentos/workshops internos e ainda apoiam/financiam cursos para seus funcionários. 

Além disso, é interessante destacar que, das 44,3% das organizações que não oferecem treinamentos ou incentivos aos funcionários, 84,6% não avaliam internamente proficiência dos funcionários sobre BIM. 

Metodologia 

Dos 478 pesquisados, 73,23% dos respondentes estão localizados nas regiões Sul e Sudeste do País: 34,94% em São Paulo, 10,04% em Minas Gerais, 9% em Santa Catarina, 8,58% no Rio Grande do Sul, 5,86% no Rio de Janeiro e 4,81 no Paraná. No Nordeste, Pernambuco foi o estado com maior número de respondentes (4,39%) e no Centro-Oeste, o Distrito Federal (2,72%). 

A pesquisa confirmou uma grande concentração da utilização do BIM na indústria da construção civil, especialmente em empresas que prestam serviços de engenharia, arquitetura, construção e gerenciamento, com destaque para mais de 60% de escritórios de projetos. As microempresas formam a maioria dos respondentes, que representam as lideranças das organizações.