Banco Mundial alerta para custo com contratação de energia térmica no Brasil

Redação – 19.06.2023 – Lei que abriu capital da Eletrobrás obriga contratação de 8 GW de energia térmica a gás natural 

O Banco Mundial desaconselhou o plano de ofertar em leilões a geração de energia térmica a gás. Previsto pela Lei 14.182/2021, que abriu o capital da Eletrobrás, o plano prevê a construção de térmicas e de um certame para estes projetos a ser realizado já em setembro deste ano. 

Segundo um estudo do órgão, os 8 GW adicionais de capacidade de gás não são necessários, mesmo com maior escassez de água. A renúncia representaria uma economia de 20% em custos do sistema elétrico no cenário convencional do País. Isso significa que cairia de R$ 374 bilhões para R$ 250 bilhões, em uma projeção de custos para o ano de 2050. 

O Congresso Nacional decidiu apostar no aumento do uso da energia térmica movida a gás natural com o intuito de evitar o desabastecimento energético em cenários de escassez hídrica. Segundo estudos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), só na construção de gasodutos para atender a Lei 14.182/2021, seriam gastos R$ 20 bilhões. 

No entanto, o estudo do Banco Mundial defende que os investimentos sejam voltados para a energia renovável onshore e offshore. “A geração de energia proveniente de pequenas usinas pode contribuir estrategicamente com a industrialização do país e o acesso a uma energia mais firme e mais barata”, incita o documento. 

O custo de investir em energias renováveis sairia 2,5% maior do que o gasto no cenário convencional sob estresse hídrico: R$ 442 bilhões contra R$ 431 bilhões, de acordo com modelos matemáticos do estudo, que soma custos de investimento, geração, transmissão e operação e também de déficit. 

O documento enfatiza que o Brasil deve aproveitar o que chama de “condições excepcionais do país” para descarbonizar o sistema energético, o que apoiaria a descarbonização de outros setores da economia, elevando a competitividade brasileira. 

PCHs são opção 

Segundo a Associação Brasileira de PCHs e CGHs (Abrapch), o País tem um potencial para expandir a sua capacidade de geração de energia renovável proveniente de pequenas centrais hidrelétricas em aproximadamente 300%. 

Ao todo, são 1.156 processos na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), sendo 589 pequenas usinas em fase de Licenciamento Ambiental e outros 455 processos encontram-se em estágio de eixo disponível, que quer dizer aptos para usuários interessados no desenvolvimento de estudos de inventário hidrelétrico. Cerca de 112 PCHs e CGHs estão em construção ou aguardando licenciamento para operação. 

Nos últimos cinco anos, 65 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e 52 Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs) – que produzem até 50 megawatts de energia – entraram em operação no Brasil, totalizando 938,81 MW de potência instalada. O equivalente a R$ 7,9 bilhões em investimentos. 

Atualmente, as PCHs e CGHs somam juntas 5.560 megawatts (MW) de energia gerada. São 1.046 usinas em operação no País.