Telecom: seis ativos ainda pouco explorados que podem trazer novas receitas

Redação – 27.06.2023 – Relatório de consultoria aponta dificuldades que teles enfrentam para gerar mais retorno financeiro e aponta como combater comoditização do setor 

Não é de hoje que o setor de telecom tem visto suas receitas diminuírem. O retorno sobre o capital empregado (ROCE) das 50 maiores companhias de Telecom de capital aberto do mundo reduziu de 15,3% para 10,8% nos últimos sete anos, de acordo com um novo relatório da consultoria de estratégia e gestão Oliver Wyman. 

Mesmo tentando diversificar suas fontes de receitas para ir além da conectividade, as teles tiveram dificuldades passando por desafios econômicos na última década, com crescimento lento e baixos resultados. Por isso, as operadoras precisam valorizar seis ativos que já detém e podem ser aproveitados além da conectividade. Confira: 

  1. Base maciça de clientes. Com uma escala nacional as operadoras podem fornecer acesso imediato para a população.
  2. Dados e profundo conhecimento dos clientes. As operadoras de telecomunicações possuem um dos mais ricos bancos de dados de informações do consumidor, possivelmente perdendo apenas para as redes sociais e outras empresas de tecnologia, como Google, Apple e Microsoft. Com uma compreensão profunda do comportamento, histórico de crédito, preferências, dispositivos e aplicativos dos consumidores, as teles podem entregar propostas de valor mais interessantes.
  3. Presença dentro de casa. Vantagem para aprofundar sua oferta doméstica com serviços de automação residencial, como segurança, controles inteligentes e iluminação para, finalmente, “ser donos da casa”.
  4. Valor da marca. As marcas de operadoras conceituadas geralmente são as mais lembradas em escala nacional e carregam uma quantidade significativa de confiança entre os consumidores.
  5. Alto engajamento do consumidor. Isso é mais específico para operadoras pré-pagas, cujos clientes estão em constante interação com as plataformas e canais das operadoras para recarregar seus telefones. Esses pontos de contato recorrentes com os consumidores são oportunidades claras para desenvolver serviços auxiliares e gerar impulso para sustentar o crescimento – uma condição bem conhecida e explorada pelos super apps, por exemplo.
  6. Faturas. Fora das economias mais desenvolvidas, grande parte da população ainda não tem cartão de crédito e muitas pessoas não têm contas em banco. As faturas das operadoras de telecomunicações tornam-se um canal decisivo para acessar e cobrar os consumidores.

Comoditização pede por diversificação de negócios 

Segundo o relatório da Oliver Wyman, o principal serviço de conectividade (móvel, TV e banda larga) das empresas de telecom é cada vez mais visto como uma commodity aos olhos dos consumidores. Essa “comoditização” é ainda mais acelerada pela tendência crescente de compartilhamento de infraestrutura, que acaba reduzindo a relevância da qualidade da rede como uma vantagem competitiva. 

Para Felipe Hildebrand, sócio de Comunicação, Mídia e Tecnologia da Oliver Wyman, além da avaliação típica da atratividade dos diferentes mercados, as operadoras devem começar selecionando cuidadosamente os mercados onde podem competir e vencer, sendo aqueles mercados onde elas agregam valor significativo ao ecossistema, alavancando suas vantagens distintas. Ele afirma que os consumidores veem legitimidade nas telcos para assumir esses papéis. 

“Entrar em novos serviços implica novas batalhas competitivas e, muitas vezes, contra empresas altamente especializadas e bem financiadas. Portanto, as operadoras devem evitar os erros do passado, reconhecer suas próprias lacunas e fraquezas e construir um modelo de negócio e ecossistema vencedor para cada serviço ancorado na excelência e no encantamento do cliente”, diz o consultor.