Rio Construção Summit debateu o passado e o futuro

Redação – 02.10.2023 – Com mais de 100 horas de conteúdo e quase 280 debatedores, evento contou com temas como cidades inteligentes, gêmeos digitais e patrimônios históricos 

O Rio Construção Summit 2023, encerrado dia 21 de setembro, atraiu cerca de 10 mil participantes ao longo de seus três dias de evento, o dobro da previsão inicial. Foram mais de 100 horas de conteúdo distribuídos por 72 painéis, onde estiveram quase 280 debatedores, palestrantes e moderadores. 

Pela manhã do último dia, o público teve a oportunidade de assistir à apresentação de Jaechul Park, diretor financeiro da Songdo Project Management Company, que detalhou o projeto de construção de Songdo, uma cidade inteligente da Coreia do Sul. A região foi construída totalmente do zero, a partir de 2003, e concluída em 2015. 

A “cidade do futuro” possui hoje mega infraestrutura, cresceu 5 vezes mais nos últimos 10 anos e já conta com mais de 265 mil habitantes. No total, já atraiu mais de 2.170 empresas, entre eles grandes grupos de área de tecnologia, biomedicina, entre outros. Seu projeto foi todo baseado em sustentabilidade, conectividade e qualidade de vida para a população. A cidade teve seu sistema de transportes inspirado no modelo de Curitiba (PR). 

Ainda no quesito tecnologias e inovação, o último dia do Rio Construção Summit teve a presença de Lucio Soibelman, que está à frente de estudo financiado pela NASA para viabilizar um projeto de construção de infraestrutura necessária para criação de futura base lunar. Ele participou da mesa-redonda “Impulsionando a Inovação: Gêmeos Digitais e Desenvolvimento de Tecnologias para Construção na Lua”. 

“Hoje a robótica está chegando muito na construção. Pode-se usar a realidade virtual para operar equipamentos. Temos impressora de concreto. A Inteligência Artificial não vai tirar empregos, pelo contrário. A IA vai gerar mais empregos”, comentou Soibelman em sua apresentação. 

Patrimônio histórico e seus desafios 

No dia anterior, o painel “Como potencializar novas construções em Sítios Históricos Urbanos” contou com a participação do presidente da Concrejato Engenharia, Eduardo Viegas, que destacou a necessidade de mais iniciativas para qualificação da mão de obra visando atender ao mercado de restauro histórico. 

“O trabalho de restauro histórico exige uma mão de obra muito especializada, desde o ajudante de pedreiro até engenheiros e arquitetos”, explicou Viegas. Ele comentou que Concrejato tem 30 dessas obras ativas, concentradas no eixo Rio de Janeiro-São Paulo. E frisou que a empresa realizou, no Museu do Ipiranga, na capital paulista, “talvez a maior obra de restauro histórico do Brasil”, que incluiu também a criação de uma área de exibições no subsolo do espaço.  

A mesa redonda reuniu também os presidentes do Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (IPHAN), Leandro Grass; do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, Laura Di Biase; e Luiz Fernando Gomes, do Sinduscon-Petrópolis. A mediação foi da presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura do Estado do Rio de Janeiro (AsBEA-RJ), Sônia Lopes. 

O presidente do Sinduscon-Petrópolis, Luiz Fernando Gomes, também defendeu a integração “entre quem está fazendo e quem está aprovando, e de dar segurança a quem está aprovando”. Ele citou o período de sete anos para aprovação de um projeto de restauro histórico do Seminário São Vicente de Paulo, na cidade de Petrópolis, construído no século 19, para sua transformação em um condomínio residencial de alto padrão. 

Laura de Biasi, presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, por sua vez, informou que a cidade do Rio de Janeiro possui mais de 13 mil imóveis protegidos, e que “o retrofit está cada vez mais pulsante em nosso diálogo”. Ela destacou, entre os exemplos de recuperação de imóveis protegidos, o Hotel Glória, transformado em prédio residencial. 

Já o presidente do Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (IPHAN), Leandro Grass, frisou que “o patrimônio histórico jamais será um obstáculo ao desenvolvimento sustentável, mas sim uma oportunidade econômica, cultural, turística e de tecnologia”. Frisou que recém-lançado Programa de Aceleração de Crescimento, o PAC, terá investimentos de R$ 700 milhões em restauro e conservação. E defendeu a criação de um sistema nacional de patrimônio.