Recuperação energética de resíduos fechou 2021 com R$ 800 mi em investimentos

Redação – 08.02.2022 – Investimentos foram usados em usinas para desenvolver energia a partir do lixo urbano 

O setor de recuperação energética de resíduos fechou o ano de 2021 com R$ 800 milhões de investimentos no Brasil. Segundo estimativas da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren), foram investidos cerca de R$ 150 milhões em usinas de CDR e coprocessamento, R$ 50 milhões em usinas de Tratamento Mecânico e Biológico (TMB) e aproximados R$ 600 milhões na construção da Unidade de Recuperação Energética (URE) Barueri, sendo que as obras se iniciam no 1º semestre de 2022 e devem ser concluídas em um horizonte de 32 meses. 

Segundo estudo da Abren, considerando um cenário que representa 58% de todo o lixo urbano gerado no Brasil (RSU), englobando as 28 regiões metropolitanas com mais de 1 milhão de habitantes, somados aos municípios com mais de 200 mil habitantes, poderão ser demandados investimentos de R$ 78,3 bilhões (CAPEX), nas em 94 usinas URE, 95 CDR e 85 de biogás (85), além de instalações de centrais de reciclagem não computadas nesse valor. 

Assim, serão tratados 46 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) por ano, sendo destinados 62% para URE, 21% para CDR, 11% para biogás e 6% para reciclagem, somente 4% serão destinados a aterros. Serão gerados 15 mil empregos diretos, e evitará 63 milhões de toneladas de CO2 equivalente, o que corresponde a 192 milhões de árvores plantadas por ano, área similar ao Município de São Paulo.  

Expectativas para este ano 

Para 2022, a associação trabalha para que sejam contratados 150 MW de potência instalada em leilões promovidos pelo Ministério de Minas e Energia (MME), inclusão de energia gerada a partir de RSU nos diversos leilões A-4, A-5 e A-6, assim como nos leilões de capacidade. Também atua para que as emendas legislativas encaminhadas sejam aprovadas ainda em 2022, seja por meio de projetos existentes ou projeto próprio 

Com apoio do Fórum do Meio Ambiente do Setor Elétrico (FMASE) e da Coalizão Valorização Energética de Resíduos, a ABREN conta com articulação ampla do setor privado para buscar a aprovação de instrumentos econômicos que irão alavancar ainda mais projetos waste-to-energy no Brasil. 

A Abren também espera que a Agência de Energia Elétrica (Aneel) regulamente ainda neste 1º semestre de 2022 a geração distribuída por chamada pública, permitindo que as distribuidoras de energia elétrica contratem até 10% de sua demanda nacional, incluindo usinas de recuperação energética de resíduos. 

Além disso, existe a expectativa de que o mercado de crédito de carbono seja regulamentado e inicie a operação financeira no Brasil, o que valorizará os projetos de recuperação energética de resíduos no país, especialmente para atendimento do compromisso assumido pelo Brasil na COP 26, que traz a meta de redução de 30% do metano gerado até 2030.