Mobilidade elétrica no Brasil: onde estamos e para onde vamos

Redação – 26.08.2022 – Mercado de veículos elétricos no Brasil é promissor, mas ainda precisa de incentivo do governo, assim como já acontece em outros países 

O desenvolvimento de veículos elétricos vem atraindo cada vez mais a atenção da indústria automobilística, muito influenciada por políticas públicas que visam a menor emissão de gases poluentes de carros movidos a combustão. Para Junior Miranda, CEO da GreenV, empresa que desenvolve tecnologias inteligentes em mobilidade elétrica, os carros convencionais estão patinando nas vendas, enquanto veículos elétricos e híbridos ganham mercado. 

Nos cinco primeiros meses do ano, foram vendidos cerca de 16 mil carros elétricos no Brasil, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). “Pode até parecer pouco, frente aos motores a combustão, mas hoje, o consumidor brasileiro já dispõe de 70 modelos à venda, entre 100% elétricos, híbridos e híbridos plug-in”, diz ele. E, na última semana de julho, o Brasil superou a marca histórica de 100 mil veículos eletrificados em circulação. 

Os dados da ABVE ratificam o crescimento do setor. Até 26 de julho, às vendas de eletrificados em 2022 já somavam 23.033 veículos leves, 31% a mais do que os 17.524 dos sete primeiros meses de 2021. Somente no dia 26, por exemplo, houve 20 emplacamentos de veículos 100% elétricos, como Tan (BYD), XC40 (Volvo), E-Tron (Audi) e Fiat 500e (Stellantis), entre outros.   

A expectativa de Miranda é que a participação desses modelos cresça ainda mais nos próximos anos, no Brasil e no mundo. “Em 2021, os veículos elétricos tiveram uma participação de 4,5% nas vendas totais dos americanos. Na Europa, esse percentual já é bem mais elevado. Vide a Alemanha, onde os modelos eletrificados já respondem por 26% do mercado”, destaca Miranda.  

Mercado está preparado? 

Com o surgimento dos primeiros carros elétricos no País, as montadoras atrelaram os lançamentos eletrificados aos carregadores gratuitos. Para que essa estratégia funcionasse, foi instalada uma infraestrutura básica, com carregadores, em shoppings, hotéis, hospitais, restaurantes, entre outros. Desde então, as recargas desses veículos elétricos têm sido gratuitas. No entanto, esse benefício deve chegar ao fim e será positivo para todos, na visão de Miranda. 

Ele diz que, ao pagar pela recarga, o proprietário do veículo terá um serviço de melhor qualidade, mais suporte, maior abrangência territorial – já que será um negócio viável – e segurança. “A partir do momento em que as redes de recarga passam a dar lucro, o reflexo imediato é a expansão desses pontos”.  

Para atender essa alta na demanda, empresas como a GreenV e outras startups que atuam no setor da mobilidade elétrica, já estão formatando alguns modelos para suprir a necessidade dos consumidores. Entre eles: ofertas como serviço de recarga, aluguel diferenciado da vaga, cobrança pelo tempo utilizado, administração do ponto, dentre outros. 

Hoje, já existem aplicativos que facilitam a vida do usuário. A GreenV desenvolveu o seu próprio app, o GVgo. Através dele, os motoristas podem pesquisar carregadores na região desejada. Em breve, também será possível realizar pagamentos e reserva dos pontos de recarga. 

Como acelerar a mobilidade elétrica no Brasil?

O CEO da GreenV destaca dois desafios que limitam a ampliação dos eletropostos. “O primeiro seria uma legislação mais ampla e eficiente sobre as regras de recarga – que ofereça maior segurança jurídica para as empresas que operam no segmento, incluindo a incidência dos impostos. O segundo ponto, poderia ser a redução tributária na compra dos carregadores rápidos e ultrarrápidos, que impede, de certa forma, a ampliação desse serviço”, comenta Miranda.    

A elaboração de uma agenda de incentivos ao setor pelo governo federal também tem potencial de transformar o mercado. “Por um lado, os carros elétricos podem representar uma alternativa para reduzir as emissões de carbono no ambiente e contribuir para uma agenda global de contenção do aquecimento do planeta. Isso porque o setor de transportes é responsável por 13% dessas emissões. Os novos players do mercado estão de olho nessa corrida para oferecer produtos e serviços aos consumidores dos elétricos”, enfatiza Miranda.