Como provedores podem se aproveitar de iniciativas de cidades inteligentes

Redação – 09.09.2022 – Videomonitoramento, Edge Computing e, claro, conectividade são algumas das ofertas que ISPs podem trabalhar com o desenvolvimento de cidades inteligentes

No encerramento da última temporada do podcast Conexão InfraDigital, o assunto abordado foi as cidades inteligentes e como os provedores de Internet (ISPs) podem se aproveitar desse mercado. Para simplificar o conceito, vamos levar em conta que cidades inteligentes são aquelas que fazem amplo uso de tecnologia em prol do desenvolvimento urbano.

Quem participa da conversa é Flavio Povoa, gerente de engenharia de sistemas da HPE Aruba, e Fabiano Vergani, diretor de Relações Institucionais da InternetSul, associação que representa os ISPs do Rio Grande do Sul, que mostraram não só as oportunidades para os provedores, mas também a importância das cidades inteligentes. Confira.

A conectividade é preponderante para aplicação de digitalização nas cidades inteligentes. Como a InternetSul imagina esse mercado?

Fabiano Vergani: Já há alguns anos a InternetSul vem motivando os nossos associados a participarem desses projetos de cidades inteligentes. Como sabemos, os provedores de serviços de internet levam fibras óticas na cidades para que consiga se fazer o acesso e alguns atendem até governos. A provocação da InternetSul é que eles comecem também a integrar soluções. Nós estamos provocando os nossos associados a pensar em fora da caixa.

O adensamento populacional nas cidades vai aumentar muito até 2050. Ao mesmo tempo que isso reúne mais pessoas em menos metros quadrados e facilita obviamente a cobertura de conectividade, exigindo que o sistema de rede seja capaz de atender mais pessoas simultaneamente. Como as tecnologias de rede evoluem nesse sentido?

Flavio Povoa: Existe uma tendência grande de migração é de pessoas para ambientes urbanos mais densos e o desafio passa a ser. Mas é preciso pensar além das pessoas. A gente tem que fornecer conectividade de alto desempenho e como conectar esse batalhão de dispositivos que vem junto. E dentro das cidades digitais eles têm o papel de serem sensores, câmeras e diversos outros tipos de dispositivos que são necessários para fazer a cidade funcionar. E quais são as tecnologias que surgiram para endereçar essa necessidade? Primeiro o 5G. A gente tem visto várias cidades já começando a implementação do 5G, que permite uma densidade em torno de 10 vezes maior do que era possível antes.

Mas tem uma outra tecnologia também que começou a ser implementada no ano passado e foi regulamentada pela Anatel que é o Wi-Fi 6, que funciona numa faixa de frequência nova, de 6 GHz, que tem três vezes o espectro do que a gente tinha antes. É uma tecnologia com um custo muito mais baixo e principalmente com uma retrocompatibilidade com todos os dispositivos que os nossos usuários usam.

Cidades inteligentes precisam dosar o monitoramento das câmeras, que é uma maneira aí de é um novo serviço que os provedores podem explorar. Como é que vocês estão lidando aí na região sul do Brasil com essa questão da videovigilância?

Fabiano Vergani: O provedor tem a condição de se transformar em um integrador de soluções e, nesse quesito, podem sim vender em soluções em câmeras videomonitoramento. Ele vai integrar um serviço e vai ter um diferencial competitivo muito grande e com atendimento local. Eu não tenho dúvida que temos tremendas oportunidades.

Que papel as infraestruturas tecnológicas devem assumir para suportar esta questão da gestão de dados?

Flavio Povoa: Não adianta eu gerar uma quantidade enorme de dados por meio de tantos sensores nas cidades e não ter capacidade de computacional e ferramental para analisá-los. O movimento que nós temos visto nos últimos anos é fazer esse processamento mais próximo de onde essas informações estão sendo geradas em vez de jogar tudo para uma nuvem, que tá milhares de quilômetros de distância e traz alta latência. Aí a gente tem esse fenômeno do Edge Computing, que é trazer o processamento dessas informações mais próximos onde elas estão sendo geradas. E aí também tem uma oportunidade para os provedores fornecer essa infraestrutura de processamento local, pode ser feito na própria cidade.

E falando da questão de segurança, é necessário que se tenha um tratamento adequado dos dados, inclusive de dados pessoais. Isso é algo extremamente crítico dentro de uma do cenário de cidades inteligentes porque esses dispositivos que, muitas vezes, tem um propósito específico e não são muito pensados do ponto de vista de segurança. Em uma eventual falha de segurança, se um atacante estiver acesso a um sinal inteligente e conseguir abrir e fechar semáforo pode causar um cenário de pânico numa cidade. Então como fornecer segurança dentro desse ambiente também é uma oportunidade bastante grande.

Qual a importância da cidades inteligentes para o desenvolvimento do País?

Flavio Povoa: Cidade inteligente é uma ferramenta de desenvolvimento econômico e social, que traz benefícios para todos os envolvidos, não só para administração pública, mas para o cidadãos. A ideia justamente é fornecer para o cidadãos aquilo que é essencial para que ele consiga trabalhar e gerar riqueza. Isso ajuda muito também a administração pública a reduzir custos, por exemplo, com uso de sensores que podem medir, por exemplo, vazamento de água, na iluminação pública, manutenção de prédios e pontes, sendo avisado se tiver alguma rachadura ou questão estrutural antes que isso se torne um problema.

O que a InternetSul pensa sobre a importância da tecnologia, da digitalização e da conectividade para o desenvolvimento urbano social?

Fabiano Vergani: O centro de tudo são as pessoas. Tem que ter qualidade de vida para as pessoas e o mundo digital está nos permitindo. Além disso, é sim gerar riqueza e aumentar a produtividade. Esses dois pilares são base para para a tecnologia e tem tudo a ver com a tal era digital. Em Caxias do Sul (RS), nós criamos a Mobilização da Serra, onde 52 municípios estão unidos, se mobilizando para essa tal de era digital, preparando as matrizes econômicas, misturando indústria metalúrgica com a indústria eletrônica e de software, até o agronegócio. Então precisamos chamar as pessoas para compor tudo isso aqui a mobilização ela vem com a área pública.

Para conferir o bate-papo completo, você pode acessar o link ou apenas clicar no player abaixo: