II Simpósio TelComp discute os desafios do setor de telecom

Redação – 15.09.2022 – Além do relacionamento com OTTs, operadoras e provedores precisam lidar com investimento, market share e 5G 

O II Simpósio TelComp, que acontece hoje (14/9) e amanhã em Brasília (DF), discutiu os desafios do setor de telecom durante painel nesta tarde. André Machado, CEO da QMC Telecom, que implementa antenas para conexão móvel, destacou três desafios que o setor deve enfrentar frente à digitalização da economia: infraestrutura, market share e 5G. 

O primeiro é claro, operadoras, independentemente do porte, precisam investir em infraestrutura se quiserem crescer e manter relevância no mercado. O desafio, no entanto, é como recuperar esse investimento, que só tende a ter retorno no médio a longo prazo. O compartilhamento de rede foi uma opção que o executivo da QMC destacou, que pode trazer retorno mais rápido a depender dos casos. 

Junto com isso, surge a questão do market share. Machado defende que operadoras precisam de, no mínimo, 15% do market share de seu mercado para poderem sobreviver. Ele citou o caso de uma operadora chilena, que decidiu investir na Colômbia, países com casos de uso semelhante. Lá, ela enfrentou obrigações legais, como cobrir áreas rurais, e não conseguiu passar de 1%, tendo que desistir da empreitada. 

Já a questão do 5G está mais elencada com ao investimento em infraestrutura e ao modelo de negócios. O mercado de telecom ainda procura formas de rentabilizar o 5G e os provedores regionais encontram no FWA uma opção para levá-los até a casa dos usuários. A questão, diz Machado, é que a razão do 5G está na baixa latência, que está começando a surgir com o uso da frequência de 3,5 GHz. 

Relacionamento com OTTs

Outra questão abordada no painel foi o relacionamento entre operadoras e empresas over-the-top (OTT). Wendell Oliveira, CEO da Ligga Telecom, é a favor da pacificação entre o setor de telecom e as empresas da nova economia, visto que são interdependentes. “É necessário para que os dois lados possam crescer”, diz ele.  

Já Machado, da QMC, enxerga que a neutralidade de rede que o Marco Civil da Internet (MCI) trouxe terá que mudar. “Não é razoável que OTTs como a Netflix usem a rede da forma que usam e não paguem nada”, afirma. Ele lembra que a Europa já está revendo quanto o tráfego de OTTs custa para as operadoras para descobrir formas mais justas de tarifação.