Especialistas discutem potencial do Brasil como exportador de energia

Redação – 09.06.2023 – Evento da Bloomberg destacou os pontos fortes e fracos do País na transição energética e a possibilidade de exportar commodities como o hidrogênio verde 

A Bloomberg promoveu um painel com especialistas em energia para prever como a transição energética do Brasil afetará a lucratividade corporativa. Realizado na sede da Bloomberg na América Latina, em São Paulo, o evento trouxe para o debate a possibilidade do País se tornar um exportador de commodities de energia, com destaque para o hidrogênio verde. 

Décio Oddone, diretor e presidente da Enauta, disse que o principal obstáculo do Brasil para liderar os investimentos em novas energias é a falta de regulamentação. Há potencial para a produção de hidrogênio verde, energia eólica offshore e baterias, mas a falta de regulamentação atrasa as negociações e prejudicam os negócios. 

Para Vitor Burjack, analista global de Equity e Commodities do Opportunity, o mercado já observa menor investimento na matriz petrolífera e uma visível mudança na configuração energética mundial, que ainda preserva muitas oportunidades em óleo e gás. “O Brasil pode se tornar um exportador relevante de gás nos próximos anos e estamos trabalhando para amadurecer esse mercado até 2026”, afirmou. 

Transição energética 

Pela primeira vez, os investimentos mundiais em transição energética totalizaram US$ 1,1 trilhão em 2022, segundo pesquisa da BloombergNEF, disse Vinicius Nunes, analista de soluções climáticas da BNEF. O Brasil é líder em investimentos em energia renovável na América Latina e possui recursos naturais inesgotáveis, como luz solar e ventos fortes, disse Nunes. 

Mas nem todos estão tão otimistas. “O Brasil deu grandes passos na transição energética”, disse Fernando Valle, analista sênior de Energia da Bloomberg Intelligence, acrescentando: “No entanto, o país ainda não é capaz de garantir segurança e eficiência energética global – apenas com energia renovável”.  

Para Tiago Cunha, gerente de Portfólio da Ace Capital, os países mais ricos do planeta estão comprometidos com a transição energética e o cenário esperado para 2030 já é uma realidade hoje. “O planeta tem mostrado uma rápida adoção de tecnologias renováveis e os bancos estão cada vez mais retendo o crédito por conta do ESG”, acrescentou.