Seca extrema no Panamá impacta logística internacional

Redação – 12.09.2023 – Especialistas explicam que um dos problemas causados é o atraso na cadeia de suprimentos devido ao congestionamento de navios 

O Panamá vem sendo atingido por uma seca extrema devido ao fenômeno natural conhecido como “El Niño” e os impactos já estão sendo sentidos no comércio global. Isso acontece porque o Canal do Panamá conecta os oceanos Atlântico e Pacífico e facilita o comércio internacional ao encurtar as rotas marítimas. 

De acordo com Helmuth Hofstatter, CEO da Logcomex, a condição climática reduziu o volume de água, obrigando as autoridades locais a tomarem medidas como a redução de circulação dos navios no canal. “Com isso, pode haver impacto na importação de produtos. No primeiro semestre, foram 548 importações vindas do país, como rolamentos de esferas, pneumáticos e máquinas de lavar roupa.” 

Segundo o CEO da Logcomex, o Canal do Panamá é uma das principais rotas comerciais do mundo, e passam por ele quase 6% do comércio marítimo global. “Porta-contêineres são os principais usuários e transportam uma parcela considerável de bens de consumo entre o nordeste da Ásia e a costa leste dos Estados Unidos. Atualmente, há cerca de 20 navios porta contêineres na rota entre Chile, Peru, Equador e Europa, Mediterrâneo e Costa Leste dos Estados Unidos”, diz.  

Impactos globais e no Brasil 

Estados Unidos, China, Japão e Chile estão entre as nações que mais dependem do canal para otimizar o transporte de mercadorias entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Com relação ao Brasil, um impacto relacionado à seca é referente aos eletrônicos que vêm de carona nos navios que vão da China para Nova Iorque, Charleston e Baltimore, cidades estadunidenses.  

Leandro Barreto, Managing Director da Solve Shipping, diz que, atualmente, o maior volume de carga no Canal do Panamá são commodities agrícolas que saem dos Estados Unidos e vão para a China. “No que se refere ao contêiner, certamente os maiores prejudicados seriam o Chile, Peru e Equador. Os produtos advindos dessas regiões, como uvas e bananas, estão enfrentando filas para atravessar o Canal do Panamá. Principalmente cargas com destino à Europa e Mediterrâneo são as que devem ser mais afetadas, por conta da dificuldade de encontrar uma rota alternativa”, diz. 

Ele explica que os navios grandes vêm da China com destino à Costa Leste e param em algum porto concentrador. Então, um navio de porte menor coleta a carga e segue até Manaus. “Mas, também existem rotas alternativas. Essa carga pode, sem dúvida alguma, vir via África do Sul, Cabo da Boa Esperança, transbordar em Santos e subir para Manaus na cabotagem”, avalia.