Parceria com pescadores retira 6 toneladas de lixo do mar de SP

Redação – 03.04.2024 – Programa Mar Sem Lixo remunera pescadores de camarão por retirada de lixo do mar e de mangues, trazendo uma fonte de renda a mais

Pescadores de camarão do litoral de São Paulo retiraram cerca de 6 toneladas de lixo do mar nos últimos 15 meses, o equivalente a cerca de 100 mil embalagens. Outras 4,3 toneladas vieram dos mangues. Os números são resultados do Programa Mar Sem Lixo, política ambiental do governo estadual que ganhou força em outubro de 2023 após um período de testes. Hoje, são seis municípios abrangidos: Bertioga, Guarujá, São Sebastião, Cananéia, Itanhaém e Ubatuba.

Além de contribuírem com a limpeza da água, o material que volta com os trabalhadores nos barcos de pesca e ações especiais auxilia na geração de renda. Foram distribuídos até agora R$ 100 mil. O lixo é pesado e revertido em créditos para a compra de alimentação em estabelecimentos das comunidades onde vivem. A atividade traz ganhos também para pesquisas científicas da USP, que utilizam os materiais em análises sobre o oceano.

Os trabalhos são coordenados pela Fundação Florestal, da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística. Já o valor pago aos pescadores pelos quilos de lixo podem chegar a até R$ 650, creditados mensalmente em um cartão-alimentação. Desde que foi criado, o programa já recebeu 193 cadastros de pescadores.

lixo do mar
Pescadores trabalham para coletar lixo no litoral de São Paulo (foto: divulgação).

No período de defeso do camarão, quando a pesca é proibida para proteger a espécie e neste ano vai de 28 de janeiro a 30 de abril, o Programa Mar Sem Lixo também auxilia os pescadores. Eles são convidados a participarem de mutirões de limpeza em áreas de mangue no período. Em fevereiro e março, foram realizadas sete ações como essa, com recolhimento de quase cinco toneladas de lixo dos manguezais.

Estudos da USP

Desde que o Programa Mar Sem Lixo começou, foram feitas análises dos resíduos encontrados com o intuito de aprimorar e monitorar os subsídios para políticas públicas. Os estudos são realizados pelo Instituto Oceanográfico da USP. Nas cidades pioneiras do projeto, foi possível identificar que 91% dos itens retirados do mar são plásticos e apenas 8% do total foram considerados passíveis de reciclagem.

Em Cananeia, Itanhaém e Ubatuba, há uma média de 65 itens de plástico para 1 quilo de lixo retirado do mar. Isso significa que os pescadores retiraram do mar aproximadamente 104.845 itens plásticos, considerando itens fragmentados. Dentre os itens encontrados, estão embalagens de macarrão instantâneo, pão, bebidas alcoólicas e refrigerante.

Por conta da alta deterioração do plástico recolhido, pouco do lixo consegue ser reciclado. Apenas 8% do total foi reaproveitado pelas cooperativas de coleta seletiva dos municípios. O restante seguiu para os aterros sanitários. O governo estuda agora parcerias privadas que consigam reutilizar o material com outros processos de reciclagem.